Por: Aristóteles Drummond

Esquerda dificulta recuperação do Rio

O Palácio Gustavo Capanema (1936 e 1947) é um dos primeiros arranha-céus com fachada toda de vidro construído no mundo. | Foto: Marcio Viana/IPHAN

Alguns setores da esquerda, a dos ativistas mais radicais, têm tido uma ação eficiente em travar providências para consolidar a recuperação do Rio, de seu centro histórico, que une os governos do município e do estado.

No governo passado, a oportuna iniciativa da venda do Palácio Gustavo Capanema foi abortada pela orquestração de pseudointelectuais que brigam com o bom senso em nome de pretensos princípios ideológicos. A obra-referência da arquitetura moderna, que obedeceu a traços do genial arquiteto Le Corbusier, pai da arquitetura moderna, em trabalho que reuniu nossos grandes nomes, ainda jovens, como Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Affonso Reidy, com paisagismo de Roberto Burle Marx e os murais e painéis de Candido Portinari. O prédio está em reforma há mais de dez anos, obras paradas, e os imóveis públicos são sempre de conservação precária. O risco de incêndios é grande. Mas os esquerdopatas não querem que a livre empresa conserve e preserve obra de presença na história da arquitetura moderna. Claro que um grande banco que levasse sua sede fluminense e seu centro cultural para o palácio teria como sagrado a preservação. Qualquer deslize seria fatal para a empresa em termos de imagem.

Nos países mais adiantados, tem sido comum se recorrer à iniciativa privada para a preservação do patrimônio histórico, como nos casos de Espanha e Portugal, que entregaram ao setor privado palácios, conventos e até igrejas para a hotelaria - as pousadas, como ficaram conhecidas. Na Espanha, a sede do Banco Santander é o Palácio Marquês de Salamanca, um dos mais históricos de Madrid.

A postura tolerante com a crescente população de rua é outro ponto em que a esquerda inibe a ação das autoridades. Nada pode justificar a cumplicidade com o descaso com a cidade e também com estas pessoas que precisam de apoio, solidariedade, e os condenados, da prisão, é claro. Mas nem o túmulo-monumento do Marechal Deodoro, em pleno centro, é respeitado e tem sido depredado, apesar de recentes obras da prefeitura na praça.

O Exército já deu um bom exemplo de pragmatismo e apoio à cidade ao conceder um espaço a Colombo, no Forte Copacabana, garantindo público a seu museu ali instalado. A Marinha poderia voltar a alugar a Ilha fiscal para eventos privados.

Urge se cuidar de nossos monumentos e mesmo das casas de época, ou de arquitetura de época, especialmente no centro e zona sul, onde a fúria imobiliária tem derrubado casas que poderiam ser preservadas e bem ocupadas, como ocorre, por exemplo, com o Laboratório Alta, na Voluntários, em Botafogo, Cultura, urbanismo e memória não têm ideologia.

 

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