Este sete de setembro foi um soco no estômago naqueles que cantavam com a vitória de Lula e profetizavam a vitória do PT em primeiro turno. O que vimos na Esplanada dos Ministérios e na Praia de Copacabana nos remete àquele comercial da Johnnie Walker "O gigante não está mais adormecido".
Uma maioria, até então silenciosa, atendeu o convite e foi para a rua. Deixou assustados aqueles especialistas, como Carlos Augusto Montenegro, que disse que a eleição terminou e só faltava colocar os votos nas urnas. Esqueceram novamente uma coisa: o povo. O mesmo povo brasileiro que elegeu democraticamente Jair Messias Bolsonaro em 2018. O mesmo que derrotou o PT há quatro anos.
Poucos líderes da era moderna conseguem uma sintonia com as massas como Bolsonaro. Ele se alimenta das manifestações de apreço e da fidelização dos seus eleitores e tem prazer em ficar em pé, na porta da viatura presidencial, para saudar as multidões, para desespero dos seus seguranças.
Lula vendeu a imagem de um torneiro que chegou à presidência. Só que de simples não tinha nada. Adorava as baforadas de caríssimos charutos que custam um salário mínimo ou de vinhos franceses, cujos valores valores são de, pelo menos, cinco salários mínimos. O povo sabe disso e não é bobo. Em oito anos de governo, Lula se transformou num espectro do torneiro que chegou ao poder. Empreiteiros e milionários corromperam o metalúrgico, que aceitou reformas de sítios ou apartamentos triplex feitos sob medida por construtoras.
Para quem aposta na vitória petista, uma reflexão: conseguiria ele reunir, em um mesmo dia, o mar de gente de Brasília e Rio? Conseguiria reunir estas multidões de forma pacífica e ordeira? A bolha petista resiste na região Nordeste, onde a política dos antigos coronéis foram abduzidos pelo PT e PSB, usando as mesmas técnicas de clientelismo e irrigando a pobreza, alimentando a figura paternalista do provedor. A exceção é o Ceará, estado onde os Ferreira Gomes investiram na educação e abandonaram o lulismo. Na Bahia, por exemplo, Rui Costa protagonizou o maior escândalo da pandemia, o Consórcio Nordeste, uma fantástica máquina de compra coletiva com sobrepreço, implodido — para sorte do erário público — pela ganância da primeira compra. Até hoje não foi devidamente investigado e foi vergonhosamente ignorado pela CPI do Senado, cujo objetivo era apenas atingir Bolsonaro. Este é o reduto que sobra para o Lulismo e seus coronéis de uniforme vermelho.
Esquecem os analistas e ativistas petistas da mídia antibolsonarista que a capacidade de atrair multidões de Jair Bolsonaro estava adormecida pela pandemia. Como candidato, cada chegada às cidades era acompanhada por uma multidão que assustou o PT, como este sete de setembro.
O povo, imunizado com as vacinas pagas pelo Governo Bolsonaro, inclusive as do Butantan, pôde voltar em massa às ruas. A militância deixou de ser monopólio da esquerda. O sentimento de brasilidade é maior do que o rancor esquerdista, que tenta menosprezar o direito soberano de acreditar no verde e amarelo.
O gigante adormecido pela pandemia acordou e vai se multiplicar. É difícil não se emocionar ao ver pessoas simples, iguais ao homem simples que colocaram na presidência, irem às ruas para o aplaudir.
É só comparar as fotos das duas posses de Lula e ver o vermelho e as bandeiras encarnadas se sobressaindo às cores nacionais.
Nesta equação que une o povo, em multidões, as instituições que, secularmente, são as guardiãs dos valores nacionais, fortalecem um Brasil no qual não há espaço para a corrupção, negociatas, propinodutos ou falsos ídolos.
O Lula que está aí na praça, fanho, descabelado, senil e de mãos dadas com a sua faceira Janja, bem diferente de Dona Marisa Letícia, a única que lhe colocava freios e o fazia ter pé no chão.
Sem este freio doméstico, é apenas um caricato que tenta conquistar o poder para entregá-lo de bandeja para o ardiloso Geraldo Alckmin, como está escrito nas estrelas e pelas forças econômicas que hoje querem tirar Bolsonaro do poder. Para desespero dos que querem Alckmin presidente, o povo, vacinado, está indo às ruas para defender a honestidade no trato da coisa pública.
*Diretor de redação do Correio da Manhã