Vereadora de Campinas é alvo de investigação por ação em Gaza
Viagem em uma flotilha levantou dúvidas sobre a real natureza da iniciativa da parlamentar
Um vereador de Campinas protocolou na Câmara um pedido de Comissão Processante (CP) para investigar a conduta de uma vereadora da cidade, após a participação dela em uma flotilha com destino à Faixa de Gaza, no Oriente Médio. De acordo com a vereadora, a ação é humanitária. Já para autoridades israelenses, terrorista. Há quatro dias, Mariana Conti (PSOL) postou que havia sido sequestrada por Israel.
O episódio levanta sérias dúvidas sobre a real natureza da viagem, segundo o vereador Nelson Hossri (PSD), que pediu que Mariana seja investigada. Para ele, os fatos indicam que a ação teve caráter político e midiático, e não humanitário. “Campinas enfrenta inúmeros problemas locais. É inaceitável que uma vereadora abandone as suas funções e use o cargo para se promover em uma operação internacional questionada por autoridades estrangeiras", afirmou o parlamentar.
Na sexta-feira (3), a vereadora postou no Instagram que havia sido sequestrada. "Se você está vendo este post é porque eu, Mariana Conti, e dezenas de outros ativistas da Global Sumud Flotilla, fomos sequestrados por Israel, em águas internacionais, por tentar levar comida e remédio para Gaza."
Lula condena Israel
Na tarde desta segunda-feira (6), o presidente voltou a condenar Israel por meio de uma publicação no X (antigo Twitter):
"O Estado de Israel violou as leis Internacionais ao interceptar os integrantes da “Flotilha Global Sumud”, entre eles cidadãos brasileiros, fora de seu mar territorial. E segue cometendo violações ao mantê-los detidos em seu país. Desde a primeira hora, dei o comando ao nosso Ministério das Relações Exteriores para que preste todo o auxílio para garantir a integridade dos nossos compatriotas e use todas as ferramentas diplomáticas e legais, junto ao Estado de Israel, para que essa situação absurda se encerre o quanto antes e possibilite aos integrantes brasileiros da flotilha regressarem a nosso país em plena segurança".
Ativismo
Já na última quarta-feira (1º), Mariana havia postado na rede social: "Gaza, hoje, é um campo de concentração a céu aberto. Furar o cerco é uma responsabilidade moral e política. Mas não era para ser nossa responsabilidade. Nós, ativistas, que não temos aparato de força. Mas a cumplicidade dos governos do mundo nos colocou essa tarefa. Pois, então, abraçamos essa missão e, nos últimos 30 dias nos lançamos, com os nossos barcos, no Mar Mediterrâneo. Não temos aparato de governo ou de força militar, mas temos a força da ação da parcela mais generosa da humanidade. Uma generosidade por vezes adormecida, que a Flotilha desperta, instiga e dá vazão".
A reportagem entrou em contato com a vereadora, inclusive por meio do gabinete, e aguarda as suas colocações a respeito da comissão processante.