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Ginásio do Ibirapuera será tombado pelo Iphan

O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) aprovou o tombamento definitivo do Complexo Esportivo Constâncio Vaz Guimarães, que inclui o conhecido ginásio do Ibirapuera. O relatório aprovado por unanimidade inclui o terreno onde o Exército pretende construir dois prédios de moradia de 13 andares cada, vizinho à 'Mancha dos Bombeiros', conjunto de cerca de 200 imóveis cujo tombamento havia sido aprovado antes pelo órgão municipal de patrimônio, o Conpresp.

A decisão vem menos de quatro anos depois de o então presidente Jair Bolsonaro (PL) prometer que "não mediria esforços" para tombamento pelo Iphan, que agora atrapalha os planos do Exército e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que pretendia levar adiante a concessão do complexo.

"As mobilizações em favor do ginásio expressaram a premissa de que o patrimônio se constitui na relação das pessoas com seus espaços, práticas que são em si patrimônio. As manifestações públicas mostraram a multiplicidade de valores culturais que recaem sobre o lugar. O equipamento esportivo, além do valor arquitetônicos, que é inegável, carrega a memória de grandes eventos esportivos, shows e esportivos diversos", disse em seu voto a relatora Flávia Brito do Nascimento.

O parecer aprovado considera a mesma área de entorno do tombamento provisório, incluindo uma região retangular a nordeste de faixa do Exército onde estão localizados, entre outros, um hotel de trânsito de oficiais, o 8º Batalhão de Polícia do Exército e residências do Comando do Sudeste.

Em 2022, a 2ª Região Militar do Comando Militar do Sudeste do Exército havia apresentado requerimento de intervenção na área envoltório ao bem tombado para construir dois prédios de moradia para profissionais ligados ao novo Colégio Militar em terreno que tem entrada pela rua Tutoia.

Após o pedido, a coordenadoria técnica do Iphan em São Paulo reabriu o processo de tombamento e reduziu a área de entorno para uma linha imaginária a 150 metros da divisa entre o terreno do complexo esportivo e do Exército. É essa versão que aparece no edital de tombamento, publicado em abril.

A Associação dos Moradores da Vila Mariana (AVM), porém, contestava a linha imaginária e defendia que o tombamento deveria considerar todo o terreno. Ao longo do processo, a Superintendência de São Paulo defendeu que a construção dos edifícios não alteraria a paisagem urbana tendo os bens tombados como ponto de vista.

Por Demétrio Vecchioli (Folhapress)