Greve de ônibus em SP afeta linhas e passageiros

Rodízio de veículos foi suspenso na tarde desta terça-feira (9)

Por BRUNO LUCCA

Motoristas e cobradores de ônibus recolheram os veículos na cidade de São Paulo e iniciaram paralisação após as empresas adiarem o pagamento do 13° salário.

O movimento começou na tarde desta terça-feira (9) e foi ganhando adesão de diversas viações. Ao todo, 3,3 milhões de passageiros foram afetados.

O prefeito Ricardo Nunes (MDB), que se diz surpreso com a greve, convocou lideranças do sindicato que defende os interesses dos funcionários, e os representantes das empresas de ônibus envolvidas na greve. "Todos os pagamentos da prefeitura às empresas de ônibus estão em dia, rigorosamente em dia. É inaceitável essa paralisação, e podemos pedir a caducidade do contrato com essas empresas", afirmou o prefeito.

Segundo o presidente do sindicato, Valdemir dos Santos Soares, a proposta desagradou a parte dos funcionários, que começou a recolher os ônibus para as garagens e interromper o atendimento à população. O sindicato planeja realizar assembleias na madrugada desta quarta-feira (10) para discutir os pedidos das empresas. Há, ainda, a possibilidade de uma greve formal ser votada.

A paralisação começou na garagem da viação Sambaíba, no Tremembé, na zona norte na capital. Segundo o sindicato dos motoristas, o atraso no pagamento do 13º salário está atrelado ao processo de revisão quadrienal dos contratos de concessão das empresas de ônibus, que será julgado nesta quarta-feira (10) pelo TCM. Segundo a SPUrbanus, as empresas têm mantido diálogos constantes com a Secretaria de Mobilidade Urbana e Transporte da cidade para finalizar os acertos para a revisão quadrienal dos contratos.

Em nota, o sindicato patronal afirma que as empresas operadoras associadas à entidade "não estão poupando esforços para honrar com suas obrigações trabalhistas com os empregados do setor, inclusive solicitando um maior prazo para o pagamento do 13º salário, em conformidade com o que a legislação estabelece".

Em nota, a Prefeitura de São Paulo afirma que os repasses às empresas de ônibus estão em dia e o pagamento do 13º salário dos trabalhadores é de responsabilidade exclusiva das concessionárias. A Secretaria Municipal de Transportes e Mobilidade e SPTrans afirmam que, a pedido de Nunes, registraram boletim de ocorrência na delegacia contra as empresas envolvidas na greve realizada a partir desta terça-feira (9).

Bruno Lucca, Fábio Pescarini e Carlos Petrocilo (Folha Press)