Centro conserva os ovos de ave ameaçada

Local, em Araçoiaba da Serra, protege a arara-azul-de-lear

Por Da Redação

Núcleo também conserva espécies de outras regiões brasileiras

Novos ovos de arara-azul-de-lear estão em conservação em Araçoiaba da Serra, onde funciona um núcleo dedicado à proteção dessa espécie ameaçada de extinção. O trabalho reforça a perspectiva de manter uma população de segurança e evitar que a ave desapareça da fauna brasileira.

Hoje, estima-se que existam cerca de 2,2 mil indivíduos, restritos à Caatinga, no nordeste da Bahia, como explica a veterinária-chefe, Mayara Caiaffa.

Segundo ela, a arara-azul-de-lear só ocorre nessa região e, apesar de lembrar a arara-azul tradicional, é menor e apresenta diferenças sutis na área da bochecha. A destruição do habitat e o tráfico de animais seguem como os principais riscos para a sobrevivência da espécie.

No núcleo, muitos animais resgatados chegam com marcas deixadas por traficantes, o que compromete o comportamento e dificulta a reprodução. O acompanhamento contínuo, aliado a uma dieta natural, busca reverter parte desses impactos, embora o processo seja lento.

Ambiente controlado

Nos recintos, cada etapa é monitorada pela equipe, da alimentação aos estímulos oferecidos, garantindo condições adequadas para o desenvolvimento das aves.

Alguns indivíduos conseguem retornar à natureza, enquanto outros não adquirem habilidades suficientes para sobreviver sozinhos. Testes comportamentais determinam quais estão aptos à soltura, e até a forma como quebram alimentos é avaliada. Muitas acabam vivendo permanentemente na instituição.

O núcleo também conserva espécies de outras regiões brasileiras que enfrentam risco de extinção. Entre elas estão o mico-leão-preto, o sagui-da-serra-escuro e a perereca-pintada-do-rio-pomba, originária de uma área de um quilômetro quadrado em Cataguases (MG). Mais de 200 exemplares são mantidos ali, com terrários que simulam chuva, neblina e estruturas semelhantes a bambuzais. Segundo a tutora Stella Moura, a umidade e os abrigos artificiais ajudam a reproduzir o ambiente natural das pererecas.

Par ideal

No caso da arara-azul-de-lear, a continuidade da espécie depende de um desafio adicional: encontrar um par compatível. As aves são monogâmicas e formam apenas um casal ao longo da vida. No centro, há 12 indivíduos, mas somente um casal reprodutor. A formação dos pares exige testes sucessivos até que dois animais se escolham espontaneamente — o que é sempre motivo de comemoração.