Servidores de Campinas (SP) entram em greve dia 15 caso não recebam benefícios

Por Da Redação

Estado de greve foi aprovado em assembleia no Paço Municipal

Os servidores municipais de Campinas (SP) estão em estado de greve (etapa anterior à paralisação) porque o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) expediu uma liminar suspendendo o 13º vale-alimentação dos ativos e o auxílio-nutricional de aposentados e pensionistas. Caso os benefícios não sejam pagos, entrarão em greve no dia 15.

Os pagamentos estão previstos em leis municipais, mas o relator Afonso Faro Jr., do TJ-SP, os cassou após denúncia apresentada ao Ministério Público. Para a Procuradoria Geral de Justiça, as parcelas extras são incompatíveis com o interesse público.

O coordenador do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de Campinas (STMC), Tadeu Cohen, afirma: “temos condições de preparar a maior greve da história de Campinas. É isso que vamos fazer se os benefícios não forem pagos. Nossa categoria está mobilizada e não vamos aceitar esse ataque e a retirada de direitos que lutamos muito para conquistar”.

De acordo com o departamento jurídico do sindicato, a verba dos benefícios conta com previsão orçamentária e foi aprovada em campanha salarial, além de já configurar direito adquirido dos servidores.

Ainda de acordo com o STMC, “ a Procuradoria Municipal não adotou todas as medidas necessárias diante de um caso tão urgente. Deixou de pedir antecipação de tutela perante o Tribunal de Justiça e está agindo de forma automática e burocrática, tanto que o parecer do Ministério Público diz expressamente que a Procuradoria não detalhou os seus pedidos e não fez a prova necessária para que seja possível a suspensão da liminar, deixando de anexar documentos que eram importantes para a análise recursal”.

A advogada do STMC, Kátia Gomide, declara: “não vamos nos calar diante dessa inércia da Procuradoria Municipal. O STMC vai denunciar na Organização Internacional do Trabalho (OIT) esse absurdo que está sendo cometido”.

O estado de greve foi aprovado durante assembleia geral extraordinária dos servidores, realizada no Paço Municipal na última sexta-feira (5).

O outro lado

"A suspensão do pagamento dos benefícios não tem relação com a Prefeitura. A liminar que suspende o 13° do auxílio-alimentação dos servidores da ativa e vale-nutricional dos aposentados e pensionistas do município de Campinas é fruto de uma denúncia feita ao Ministério Público em 3 de março de 2025 e foi acatada pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJESP)", informa o Executivo Municipal.

A Prefeitura informa ainda que "tomou todas as medidas necessárias para revogar a liminar e garantir o benefício": que entrou com dois recursos, um no Supremo Tribunal Federal (STF) e outro junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo, e que agora aguarda a decisão.

Defende "a legalidade da lei que institui os benefícios, que foi aprovada pela Câmara Municipal e é resultado das mesas de negociação da campanha salarial", acrescenta o Palácio dos Jequitibás. 

"A suspensão do pagamento dos benefícios pode causar prejuízo aos servidores. Além disso, a medida atinge uma coletividade e tem o condão de causar reflexos sociais e econômicos", acrescenta. 

Consequências políticas

Para o analista político Lucas Melão, "o episódio evidencia fragilidades na articulação política da gestão Dário Saadi (Republicanos-SP), que passa a ser cobrada não apenas pela liminar judicial, mas pela condução estratégica do problema. A falta de respostas rápidas projeta sombra sobre a capacidade do governo de gerir crises internas e pode reverberar no cenário eleitoral local, atingindo diretamente a imagem do prefeito e, claro, servindo como mais combustível para o famoso “fogo na careca”, bordão que o próprio Dário transformou em marca pessoal nas redes sociais. Uma piada que ainda arranca risadas da base (do governo), já enfraquecida no Legislativo, mas que passa longe de convencer a oposição, cada vez mais atenta aos desgastes da administração”.