Câmara abre frente parlamentar sobre Rede Mário Gatti

Criação foi motivada pelas constantes reclamações da população nas unidades

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Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, uma das unidades municipais de saúde de Campinas (SP)

Por Raquel Valli

A Câmara Municipal de Campinas (SP) aprovou a criação de uma frente parlamentar por melhorias e eficiência dos hospitais e das unidades de pronto atendimento (UPAs) da Rede Mário Gatti - autarquia com autonomia administrativa e financeira, que integra os hospitais e pronto socorros municipais.

A frente atuará nos três hospitais da rede (Hospital Mário Gatti, Hospital Ouro Verde e Unidade Pediátrica Mário Gattinho) e nas quatro unidades de pronto atendimento (UPA Anchieta Metropolitana, UPA Carlos Lourenço, UPA Campo Grande e UPA São José).

Ainda de acordo com o Poder Legislativo campineiro, "a criação da frente foi motivada pelas constantes reclamações da população sobre a demora na triagem, nas consultas e na realização de exames nas unidades de urgência e emergência, além do aumento expressivo da demanda em atendimentos".

A iniciativa é do vereador dr. Yanko (PP) a fim de acompanhar, fiscalizar e propor soluções para os desafios enfrentados pelos hospitais e unidades de pronto atendimento que compõem a rede municipal de urgência e emergência.

"A finalidade será ampliar a qualidade e a agilidade dos atendimentos, fortalecer a gestão pública da saúde e garantir um serviço mais humanizado, digno e eficiente para a população.", afirma o parlamentar.

"Com a frente, poderemos monitorar de perto a situação, promover diálogos com gestores, trabalhadores e especialistas, e construir propostas que resultem em melhorias reais. A saúde pública precisa avançar, e estamos assumindo essa responsabilidade com seriedade", completa.

A frente promoverá audiências públicas, visitas técnicas, estudos e debates, além de acompanhar metas e indicadores da Rede Mário Gatti. Também poderá sugerir recomendações administrativas e legislações voltadas à redução de filas, aprimoramento do atendimento e planejamento para curto, médio e longo prazo.

As reuniões ordinárias serão abertas à participação de outros vereadores interessados, mediante solicitação ao coordenador e ocorrerão bimestralmente.

Cirurgias eletivas

De acordo com o Portal Da Transparência, Campinas registrou um aumento expressivo na fila de espera por cirurgias eletivas (operações agendadas) nos hospitais públicos municipais ao longo de 2025.

Entre janeiro e outubro deste ano, o conjunto dos hospitais Mário Gatti (incluindo o Mário Gattinho) e Ouro Verde inseriu 3.569 novos pacientes na lista de espera.

O número representa um crescimento de 3,2 vezes em comparação com o mesmo período de 2024, quando 1.083 pacientes foram registrados.

O Hospital Ouro Verde foi a unidade que apresentou a elevação mais acentuada, com a quantidade de pacientes na fila saltando de 238 em 2024 para 1.864 em 2025, uma alta de 683%.

No Hospital Mário Gatti, especificamente, a quantidade dobrou, passando de 845 para 1.705, ou seja, uma alta de 101,8%.

As possíveis causas apontadas para o aumento da demanda estariam o envelhecimento da população, o maior acesso a exames diagnósticos e a migração de pacientes que antes utilizavam o sistema de saúde privado para o Sistema Único de Saúde (SUS).

A quantidade de queixas sobre os hospitais municipais de Campinas bateu recorde em 2025. O telefone 156 recebeu 404 reclamações de janeiro a setembro, superando o total registrado nos 12 meses de anos anteriores desde 2021.

No primeiro ano do levantamento, o Hospital Dr. Mário Gatti recebeu 101 reclamações. Mas, este ano, a quantidade chegou a 237, representando um aumento de 134%. Já no hospital Ouro Verde, o total foi de 68 em 2021, mas, em 2025, 167, um crescimento da ordem de 114%.

De janeiro de 2021 a setembro de 2025 deste ano, o 156 recebeu 2,1 mil ligações a respeito dos dois hospitais.

Do total, 1,4 mil (68,9%) foram relativas a queixas. Entre as principais reclamações, encontram-se: espera por cirurgias; consultas desmarcadas, demora para receber atendimentos; queixas sobre funcionários e procedimentos; dificuldade para realização de exames; e falta de funcionários.