Por:

Estudantes indígenas ganham prêmio

Estudantes da rede estadual pertencentes às Aldeias Zakare e Pira, do povo Tembé do Alto Rio Guamá, em Capitão Poço, conquistaram o primeiro lugar na área de Ciências Humanas da XVI Mostra de Ciências e Tecnologias do Instituto Açaí (MCTIA 2025), realizada em Belém.

A iniciativa premiada, intitulada "Raiz Viva Tembé", reúne arte, memória e sustentabilidade ao transformar madeiras descartadas das antigas moradias indígenas em peças artísticas carregadas de identidade cultural.

O projeto foi criado pelos estudantes Alan Guilherme, Awa Tembé, Marcos Felipe, Zywa Tembé, Kaywa Tembé e Kauã Tembé, do 6º ano ao 2º ano do ensino médio, sob orientação do professor Gutenberg Tavares, da rede pública estadual.

Sustentabilidade

Segundo o professor Gutenberg Tavares, a proposta nasce do compromisso da comunidade com a valorização dos saberes tradicionais e a proteção ambiental.

"O projeto tem como objetivo promover a sustentabilidade e fortalecer a cultura do nosso povo. Observamos o descarte das madeiras das antigas casas e decidimos reaproveitá-las, transformando-as em arte", destacou o docente.

"Produzimos peças com representações da fauna local, das pinturas corporais tradicionais e, principalmente, inserimos os nomes em Tupi-Guarani em todas as obras, reforçando também a valorização linguística do povo Tembé".

A ideia surgiu após a substituição das casas tradicionais de madeira por novas moradias do programa Minha Casa, Minha Vida. Ao perceberem que elementos importantes da memória ancestral poderiam ser descartados, os estudantes decidiram ressignificar o material, produzindo esculturas que registram elementos da fauna, da estética corporal Tembé e da língua indígena.

O Raiz Viva Tembé reforça o papel da educação como instrumento de preservação cultural, criatividade e fortalecimento das juventudes indígenas, unindo ciência, sustentabilidade e ancestralidade.