Cai em 98% a ocupação do garimpo na Terra Yanomami

Em Roraima, o prejuízo passa de R$ 477 milhões às ações ilegais

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Entre 2023 e 2025, a atuação coordenada do Governo Federal contra o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami (TIY) resultou em 6,4 mil ações de fiscalização, repressão e apoio humanitário.

A operação, conduzida pela Casa Civil da Presidência por meio da Casa de Governo, criada em fevereiro de 2024, contabiliza prejuízos superiores a R$ 477 milhões para organizações criminosas, com apreensão e destruição de equipamentos.

Na última semana, 103 quilos de ouro foram confiscados nas proximidades de Boa Vista (RR), elevando para 138 quilos o total retido neste período, avaliados em R$ 82,2 milhões.

Dados oficiais indicam que a área ocupada pelo garimpo na TIY caiu 98% em julho. Foram eliminados 627 acampamentos, 207 embarcações, 101 balsas, 29 aeronaves e 59 pistas de pouso clandestinas.

Também foram inutilizados mais de 112 mil litros de diesel e 12 mil litros de gasolina. Operações aéreas, como a chamada Asfixia, somaram mais de 220 horas de voo para localizar e desativar estruturas ilegais.

A presença federal deve ser reforçada com novos equipamentos públicos em Roraima, incluindo um polo de saúde em Surucuru, o Centro de Referência em Direitos Humanos e o Centro de Atendimento Integrado à Criança Yanomami e Ye'kwana. A retomada de lavouras tradicionais indica recuperação gradual da produção de alimentos nas comunidades.

O cenário atual contrasta com o período de 2019 a 2022, quando houve redução da fiscalização e avanço acelerado da exploração mineral.

Entre 2021 e 2022, a TIY registrou um dos momentos mais críticos desde sua demarcação, em 1992. Estudos apontam que, até 2020, cerca de 2,4 mil hectares haviam sido degradados, sobretudo nas bacias dos rios Uraricoera, Mucajaí, Catrimani e Parima, com concentração de danos em Waikás, Kayanau e Aracaçá.

A expansão do garimpo elevou casos de malária, COVID-19, contaminação por mercúrio e episódios de violência. A presença dos invasores reduziu a fauna, dificultando caça e pesca, e comprometeu a segurança alimentar.

Sem controle, as atividades alcançaram porte industrial, com infraestrutura permanente, cenário comparável ao das décadas de 1980 e 1990, antes da desintrusão que possibilitou a demarcação do território.