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Arte santeira do Piauí vira patrimônio cultural

Em uma decisão que reforça a preservação do patrimônio cultural brasileiro, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) declarou o modo de fazer da arte santeira em madeira do Piauí como Patrimônio Cultural do Brasil. O reconhecimento ocorreu na última segunda-feira (11), durante a 106ª reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, realizada em Brasília, e representa uma vitória para a cultura piauiense e para os mestres artesãos que mantêm viva essa tradição secular.

A arte santeira, uma das expressões culturais mais simbólicas do Piauí, envolve a produção artesanal de imagens religiosas em madeira, retratando santos e figuras de devoção católica. Com habilidade e precisão, os artesãos transformam a madeira em esculturas detalhadas, que refletem tanto a religiosidade quanto a herança cultural da região. "O talento dos nossos artesãos em transformar madeira em arte é singular e foi amplamente reconhecido na reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural", afirmou Ícaro Machado, superintendente do Artesanato Piauiense (Sudarpi). A decisão do IPHAN conclui um longo processo iniciado em 2008, visando proteger e valorizar o saber-fazer dos santeiros piauienses. Com a inclusão da arte santeira no Livro das Formas de Expressão, o IPHAN assegura o registro formal dessa prática, inserindo-a entre as tradições culturais reconhecidas e protegidas nacionalmente. Segundo Machado, a medida reforça a identidade cultural do estado e oferece suporte para a continuidade da tradição, além de criar bases para políticas públicas voltadas ao fortalecimento da atividade artesanal.

"Esse reconhecimento é um triunfo para todos aqueles que preservam e transmitem essa tradição, que enaltece a riqueza da nossa identidade e da nossa história", completou. Além da importância cultural e religiosa, o registro oficial da arte santeira como Patrimônio Cultural do Brasil oferece um amparo legal que protege os direitos dos artesãos, incentivando a permanência e o desenvolvimento dessa prática.

Outro destaque da reunião foi a aprovação do tombamento da Igreja de Nossa Senhora de Lourdes, localizada no bairro Vermelha, em Teresina. Esse reconhecimento abrange não apenas o prédio, mas também o acervo de bens móveis e objetos litúrgicos integrados ao espaço, como altares e imagens sacras, que compõem a riqueza histórica e religiosa do Piauí.