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Tietasaura? Cientistas acham dinossauro que habitava a Bahia

A espécie vivia na região do Recôncavo Baiano, cerca de 130 milhões de anos atrás | Foto: Divulgação

Uma equipe de pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) anunciou a descoberta de uma nova espécie de dinossauro, a Tietasaura derbyiana, que habitou o Recôncavo Baiano. Este achado, além de marcar um marco significativo na paleontologia sul-americana, revela os primeiros vestígios ósseos de dinossauros encontrados na América do Sul.

"A Tietasaura foi descrita com outros materiais de dinossauros na mesma pesquisa. Esses materiais são os mais antigos coletados na América do Sul. Hoje em dia temos uma diversidade muito alta de espécies na Argentina, no Brasil também. Mas os primeiros dinossauros da região foram coletados na Bahia", explica a paleontóloga Kamila Bandeira, uma das pesquisadoras envolvidas no estudo.

A Tietasaura é a primeira espécie no Brasil de um dinossauro do grupo dos ornitísquios, de alimentação herbívora, caracterizados pelo focinho em forma de bico e pela estrutura da pélvis semelhante à das aves. Além disso, se nota a tendência da região em abrigar esses animais.

A Tietasaura viveu aproximadamente 130 milhões de anos atrás, no início do período Cretáceo. Nessa época, a América do Sul e a África estavam se separando, e a região do Recôncavo Baiano era composta por praias de rios que eventualmente poderiam ser invadidas pelo avanço do mar sobre o continente.

Batizado

O espécime foi batizado como Tietasaura derbyiana, em homenagem ao romance Tieta do Agreste, do escritor Jorge Amado, e ao geólogo e naturalista Orville A. Derby, fundador do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil e um dos pioneiros da paleontologia brasileira.

"No caso da obra Tieta, ela sai da cidade dela, some um tempo e depois volta trazendo um furdunço pra cidade onde ela nasceu. E esses materiais, numa alusão à história, fizeram a mesma coisa. São levados do Brasil há muito tempo e agora retornam com essas novas informações científicas e essa nova espécie de ornitísquia para o país", explica Kamila sobre a escolha do nome.

A equipe de paleontólogos, coordenada pelas pesquisadoras Kamila Bandeira e Valéria Gallo, ambas do Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes, da Uerj, analisou fósseis coletados entre 1859 e 1906 na Bacia do Recôncavo, no leste da Bahia. Esses materiais eram considerados perdidos, mas foram encontrados recentemente no Museu de História Natural de Londres. Ainda não há previsão de retorno desses fósseis para o Brasil.