Por:

Professor autista luta contra o capacitismo no Ceará

Educação inclusiva é pauta no Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo | Foto: GOV-CE

Em busca de se conectar facilmente com pessoas, o professor de História e gestor público Lucas Maia, de 34 anos, escolheu a educação como profissão e descobriu mais da própria jornada. Diagnosticado com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) nível 1 de suporte, aos 27 anos, o professor atua para garantir direitos das pessoas com deficiência e pelo fim do capacitismo.

"Assim que eu me graduei, entrei na Fundação Casa da Esperança, uma instituição de atendimento educacional especializado voltado às pessoas com deficiência. Lá, eu me identifiquei com alunos autistas, e fui atrás do meu diagnóstico. Por sorte, eu trabalhava em contato com profissionais experientes com adultos, experientes com diagnóstico tardio, e tive essa oportunidade", conta.

Durante seu processo de descoberta, o professor decidiu abraçar sua identidade e se engajar na luta contra o capacitismo enquanto desmistifica a visão que a sociedade tem de pessoas com deficiência. "Isso se relaciona à infantilização, ou a ideia de que a pessoa com deficiência é um pobre coitado; alguém que está recebendo castigo divino. Pessoas com deficiência são cidadãos que têm todos os direitos e deveriam ter acesso a todos os espaços que as demais pessoas têm, e que isso pode ser atingido com adaptações razoáveis", exemplifica.

Em 2020, se tornou membro da Associação Brasileira para Ação por Direitos das Pessoas Autistas (Abraça) e, posteriormente, membro do Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência, chegando a ser eleito presidente do colegiado. Atualmente, ele é coordenador das Políticas Públicas para Pessoa com Deficiência, uma coordenadoria vinculada à Secretaria Estadual dos Direitos Humanos (Sedih), criada em 2023.

Lucas destaca que é fundamental que tanto o poder público quanto a sociedade em geral atuem na eliminação de diversas barreiras, que podem se manifestar de diferentes formas, tais como barreiras físicas, comunicacionais e atitudinais, que são comportamentos e preconceitos que podem ser enraizados nas pessoas. Para ele, é essencial que sejam realizados esforços conjuntos para superar esses obstáculos e promover uma cultura mais inclusiva e acessível para todos.

"Eu prefiro falar do capacitismo estrutural na nossa cultura, porque a barreira atitudinal cria uma ilusão que é muito fácil de derrubar. Mas não é fácil. Isso é capacitismo, que é o preconceito específico contra pessoas com deficiência. Temos que questionar e desconstruir para trazer essa igualdade de oportunidades".

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.