Por:

Universidade faz releitura inclusiva de Ariano Suassuna

Adaptação acessível de clássico literário foca na promoção da diversidade e inclusão | Foto: Ascom/Uemasul

Na noite da última quarta-feira (13), o Núcleo de Saúde e Acessibilidade Educacional (Nace) e o Programa de Mestrado em Letras da Uemasul trouxeram uma adaptação inclusiva de um dos pilares da literatura nacional: "O Auto da Compadessurda: o juízo final". Inspirado na obra "O Auto da Compadecida" de Ariano Suassuna, o espetáculo foi concebido no âmbito do projeto de extensão "Literatura Surda: mãos que falam".

A peça, apresentada em Língua Brasileira de Sinais (Libras), contou com recursos de acessibilidade vocal e audiodescrição para garantir a participação do público com deficiência visual e auditiva. O elenco, formado por estudantes de diferentes áreas, incluindo Letras/Português, Ciências Biológicas, Pedagogia, e alunos da educação básica da rede municipal de ensino, não só demonstrou habilidade artística, mas também um forte compromisso com a inclusão e a diversidade.

Segundo a professora Cláudia Lúcia Alves, a equipe considerou os objetivos do projeto cumpridos.

"Diferente de outras apresentações, os próprios personagens fizeram as sinalizações, não os intérpretes. Atividades como essa, quando acontecem dentro do ambiente universitário, rompem para além das barreiras arquitetônicas, rompem as barreiras atitudinais. Quando conseguimos romper essas barreiras, conseguimos, de fato, promover uma educação acessível", comentou.

A plateia era tão diversificada quanto o elenco, incluindo entusiastas do teatro, pessoas surdas e cegas acompanhadas de audiodescritores, que puderam desfrutar de uma experiência cultural inclusiva e enriquecedora.

O acadêmico do curso de Ciências Biológicas, Araburan Maracaipe, fez o papel de Jesus na apresentação, e conta que a experiência teve um impacto significativo em sua vida. "Me redescobri nos ensaios e vi que tenho, de fato, a habilidade para a sinalização que é essencial em libras. Para mim foi muito desafiador, nunca havia feito algo de tamanha proporção, foi meu primeiro contato com pessoas surdas e agora, sei que estou muito mais capacitado", declarou.

O projeto "Literatura surda: mãos que falam" é uma iniciativa de extensão do curso de Letras, língua portuguesa e literaturas da Uemasul, com o objetivo de promover a compreensão e a prática da literatura surda entre alunos surdos e ouvintes da educação básica. Financiado pelo Programa Institucional de Bolsas de Extensão (PIBEXT), o projeto é coordenado pela professora Cláudia Lúcia Alves, acadêmicos e colaboradores.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.