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Cearense luta há 41 anos contra a fome no Ceará

Fundadora da União de Moradores do Jardim Iracema, Cristina lutado pelos mais vulneráveis | Foto: Governo do Ceará

Em meio à realidade de dificuldades enfrentadas por muitas comunidades, a figura de Dona Cristina França, aos 71 anos, emerge como um exemplo de resiliência e solidariedade. Como vice-presidente da União de Moradores do Jardim Iracema, em Fortaleza, ela desempenha um papel fundamental na luta contra a fome e a vulnerabilidade social.

Ao caminhar pelo saguão da Umjir, são expostas fotos que contam parte da história dessa jornada, incluindo momentos marcantes como a visita do governador Elmano de Freitas e da primeira-dama Lia de Freitas. Para Dona Cristina, essas imagens reavivam suas memórias e ressaltam a importância do trabalho desenvolvido pela entidade ao longo dos anos.

Natural de São Luís do Maranhão, Dona Cristina relembra suas origens e sua atuação em causas sociais, destacando seu envolvimento na mobilização das famílias de catadores no Grande Jangurussu durante os anos 90. "Nessas minhas andanças, eu via a realidade de mulheres que catavam resíduos nas ruas", relata ela, descrevendo o ponto de partida para o surgimento do Fórum Lixo e Cidadania de Fortaleza.

Para ela, essa experiência foi fundamental para fortalecer o papel da mulher na sociedade. "A gente via o sofrimento das mulheres, porque elas eram privadas de tantos direitos. A partir de casa mesmo, onde havia o patriarcal, o homem era que decidia o que deveria acontecer e não ser discutido e refletido com as companheiras. Mas com esse trabalho foi criando toda uma consciência, uma abrangência e uma descoberta do que a mulher deveria fazer daqui pra frente", conta.

Como mulher negra, Dona Cristina enfatiza a necessidade de representatividade e equidade de gênero. "Ainda estamos engatinhando, mas já se vê luz. Tanto é que antigamente não víamos os negros e negras nos espaços governamentais, nem nas universidades. São pessoas que se organizam de uma forma que está tendo condição de participarem de núcleos de discussão para o crescimento da mulher, sobretudo a mulher negra, porque infelizmente ainda precisamos de muito apoio", ressalta.

Ao lado de seu esposo, João da Cruz, Dona Cristina fundou a Umjir há quatro décadas, e hoje a entidade desempenha um papel importante como uma das cozinhas do programa Ceará Sem Fome. Segundo ela, a experiência tem sido positiva e diariamente tem sido distribuidas 100 refeições para os mais necessitados.

"Que cada vez mais nós estejamos unidas e não isoladas de todo esse processo político que temos enfrentado e que continuaremos enfrentado", finaliza.

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