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Exposição conta a história da resistência negra feminina

Mostra traz interpretação do romance "Um Defeito de Cor", da escritora Ana Maria Gonçalves | Foto: Jefferson Peixoto

A mostra "Um Defeito de Cor" permanece em exibição no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), localizado no Centro Histórico de Salvador, somente até o próximo dia 3 de março. A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult) estendeu os dias de gratuidade, agora também aos domingos, além das quartas-feiras.

Fruto da colaboração entre a Prefeitura de Salvador, a Sociedade Amigos da Cultura Afro-Brasileira (Amafro) e a Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), em conjunto com o Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR), a exposição apresenta uma interpretação do romance literário "Um Defeito de Cor", de Ana Maria Gonçalves, lançado em 2006.

"Um Defeito de Cor" conquistou o prêmio de melhor exposição de 2022 por uma revista especializada em arte. Com aproximadamente 370 obras de mais de 100 artistas nacionais e internacionais, está dividida em dez núcleos, cinco deles no térreo e cinco no primeiro andar. Esses núcleos foram inspirados nos dez capítulos do livro.

A exposição aborda o processo de escravização, as resistências afro-diaspóricas nas Américas, o papel das mulheres, a religiosidade e a África Contemporânea. Destacam-se obras de artistas baianos como Mestre Didi, José Adário dos Santos (Zé Diabo), J. Cunha, Valdete da Silva (Mãe Detinha) e Yêdamaria, entre outros.

"A exposição traz a mulher de uma forma muito ampla, no sentido de pensar sociedade, nas lutas, nas lutas contemporâneas, sobretudo, também nas mães. É algo que me chama muito a atenção. Isso me lembra, inclusive do enredo da Portela, que diz que apesar de todos os apagamentos, o nome de Kehinde resiste. O filho dela está vivo e ele venceu mulher. É uma parte do refrão que impacta muito, porque, apesar de tudo, Kehinde venceu e todas as Kehindes também", conta a diretora do Muncab, Cintia Maria.

O enredo do livro acompanha a saga de Kehinde, uma mulher negra sequestrada aos oito anos no Reino do Daomé e escravizada na Bahia. Inspirada em Luísa Mahin, Kehinde alcança a liberdade em 1812 e torna-se uma empresária de sucesso na África.

O livro inspirou o enredo vencedor da escola de samba Portela no Carnaval do Rio de Janeiro deste ano. Em 2007, "Um Defeito de Cor" recebeu o prêmio Casa de Las Américas, em Cuba.

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