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Mulheres ganham espaço entre pescadores na Bahia

Dos 114.966 registros no SISRGP da Bahia, 66.676 são femininos | Foto: Ascom/Bahia Pesca

Na Bahia, o perfil tradicionalmente masculino da indústria pesqueira está passando por uma transformação. Irassene Bonfim dos Santos, conhecida como Dona Irá, é uma das muitas mulheres que estão liderando essa mudança. Aos 53 anos de idade e com 25 anos de experiência na pesca profissional, Dona Irá é vice-presidente da Coomar, uma cooperativa formada exclusivamente por marisqueiras e pescadoras na comunidade quilombola de Conceição de Salinas, em Salinas da Margarida.

"As obras da nossa sede estão terminando e, com as parcerias que estamos fazendo, em pouco tempo, vamos ter computador e internet pra começar a emitir os registros de pescadoras para as nossas associadas, seus filhos e netos", celebra dona Irá.

Selecionada para participar de uma das turmas do projeto Elas à Frente Pesca, promovido pela Bahia Pesca e pela Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) no fim do ano passado, dona Irá e a Coomar ilustram uma tendência de mudança

Dados do Sistema Informatizado do Registro Geral da Atividade Pesqueira (SISRGP) revelam que, dos 114.966 registros na Bahia, mais de 58% pertencem a mulheres, enquanto os registros masculinos totalizam pouco mais de 42%. O cenário faz da Bahia o terceiro maior contingente da pesca e aquicultura nacional, com 11% da mão-de-obra do setor no Brasil.

A liderança feminina na pesca baiana não é apenas uma realidade local, mas também nacional. Das mais de 1 milhão de inscrições de pesca profissional em todo o país, as mulheres lideram em cinco estados, incluindo a Bahia. A mudança foi observada durante os Seminários Regionais de Planejamento das Políticas Públicas para a Pesca Artesanal (Serpesca) realizados em 2023, onde as mulheres representaram 54,6% dos associados das entidades representativas da categoria.

Para Dona Irá e outras pescadoras, a formalização da atividade é essencial. "É um documento muito importante, principalmente porque nos ampara em situações que a gente fica proibido de exercer nossa atividade, como na época que teve a maré vermelha aqui na região".

Para obter o registro profissional, pescadores, pescadoras, marisqueiros e marisqueiras devem procurar sua entidade de classe ou o governo estadual.

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