Atos de fé e dança
Transições Cia de Dança discute o que move a pessoa em espetáculo no Teatro Nacional
A Companhia de Dança Transições, sediada em Planaltina (DF), estreia o espetáculo “Atos de Fé: o que te move” no dia 15 de novembro, no Teatro Nacional Cláudio Santoro, em Brasília. A apresentação ocorrerá às 15h e 20h, na sala Martins Pena, com ingressos a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada), incluindo a opção de meia solidária mediante doação de um quilo de alimento não perecível. A classificação indicativa é livre.
A estreia marca uma nova etapa na trajetória da companhia, que completa dez anos de atividades. Criado em 2014, o grupo reúne artistas da capital e do entorno e atua com cerca de 25 integrantes entre bailarinos e profissionais da cena.
O espetáculo propõe uma reflexão sobre as forças que movem o ser humano no cotidiano. A montagem aborda temas como medo, fome, desamparo, pobreza, miséria, violência e ausência de afeto, articulando essas experiências com o conceito de fé, entendida como impulso para lidar com as adversidades da vida.
A direção artística é de Lehandro Lira, fundador da companhia, que também coordena o processo criativo. O espetáculo foi desenvolvido de forma colaborativa, com cocriação dos bailarinos, a partir de relatos pessoais e entrevistas conduzidas durante o processo de pesquisa. Esse material serviu como base para a dramaturgia corporal da obra.
“Atos de Fé: o que te move” é o quarto espetáculo de cinco produzidos pela Transições. O grupo já apresentou “As faces de um povo centenário” (2015–2017), “Atos contemporâneos” (2020), “Na pegada popular no coração do Brasil” (2021) e “Severino e Silva” (2023). Cada produção tem explorado aspectos distintos da cultura popular e das relações humanas, mantendo o foco na pesquisa de movimento e no diálogo entre o corpo e o território.
A companhia foi criada com o objetivo de resgatar elementos da cultura popular brasileira e conectá-los a linguagens contemporâneas da dança. Em sua atuação, o grupo busca valorizar a diversidade cultural e promover o diálogo entre diferentes estéticas. Além da criação artística, a Transições mantém ações formativas e de fomento à dança em Planaltina, voltadas a jovens artistas e à comunidade local.
Desafios
A atuação fora dos grandes centros culturais é um dos desafios da companhia. Em Planaltina, a Transições desenvolve suas atividades com recursos limitados e enfrenta dificuldades relacionadas ao acesso a políticas públicas de cultura, formação técnica e visibilidade nacional. O trabalho do grupo se baseia em estratégias de colaboração entre artistas locais e na busca por espaços de circulação para suas criações.
O espetáculo integra o esforço da companhia em consolidar-se como referência regional em dança contemporânea, utilizando a arte como ferramenta de formação e transformação social. A montagem também representa uma tentativa de ampliar a presença da produção artística periférica nas principais salas da capital federal.
Com a estreia, a Transições reforça sua proposta de integrar arte, identidade e território em suas produções. A companhia pretende manter a circulação do espetáculo em outras cidades do DF e entorno, como Sobradinho, Ceilândia e Planaltina, e inscrevê-lo em editais e mostras nacionais de dança contemporânea ao longo de 2026.
O Teatro Nacional Cláudio Santoro, localizado no Setor Cultural Norte, Brasília (DF), sedia o evento como parte de sua retomada gradual de atividades. A escolha da Sala Martins Pena reflete o compromisso do grupo em ocupar espaços de relevância simbólica na cena cultural do Distrito Federal. Diante da morte da professora, coreógrafa e bailarina Gisèle Loïse Portinho Serzedello Corrêa, mais conhecida como Gisèle Santoro, o Teatro Nacional abriu portas para que novas obras fizessem parte da programação do local. Após o Natal, em 2024, o Teatro Nacional teve a sua reabertura oficial com apresentações de dança. Programação esta que foi seguida pela comemoração dos 70 anos de carreira de Gisele Santoro, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).