Museu a céu aberto
Arte e música ocupam o Panteão da Pátria nesta sexta-feira
O Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, localizado na Praça dos Três Poderes, em Brasília, será transformado em uma galeria digital ao ar livre no dia 15 de agosto de 2025. A ação integra a edição 2025 do projeto Brasília Museu Aberto, que neste ano adota o tema “Brasilidades” e combina projeções mapeadas de obras de arte com uma apresentação gratuita da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro.
A programação começa com projeções de obras de artistas visuais brasileiros, exibidas na fachada do monumento, e culmina com a execução de um repertório dedicado à música brasileira pela orquestra, sob a regência do maestro Claudio Cohen. A iniciativa busca promover o acesso público à arte e à música por meio da ocupação simbólica de um dos espaços mais emblemáticos da capital federal.
Idealizado por Danielle Athayde, o Brasília Museu Aberto foi criado em 2020 com o objetivo de tornar a arte mais acessível à população, especialmente durante o período de distanciamento social imposto pela pandemia. Desde então, o projeto tem promovido apresentações visuais por meio de projeções em edifícios e monumentos da cidade, além de programações educativas e culturais.
A apresentação da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional contará com 60 músicos e terá um repertório exclusivamente brasileiro. Serão interpretadas composições clássicas, como as “Bachianas Brasileiras”, de Heitor Villa-Lobos, “O Guarani”, de Carlos Gomes, e obras populares como “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, além de temas de Luiz Gonzaga e sucessos da Legião Urbana.
De acordo com o maestro Claudio Cohen, a proposta da apresentação é criar uma trilha sonora que complemente e amplifique a experiência visual proporcionada pelas projeções artísticas. A Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, responsável pelo apoio institucional do evento, considera o Museu Aberto uma forma de valorização do patrimônio cultural da cidade ao colocá-lo em diálogo com a população.
Neste ano, o evento presta homenagem a cinco nomes considerados fundamentais para o desenvolvimento das artes visuais e da produção cultural no Brasil: Francisco Galeno, Orlando Brito, Vladimir Carvalho, Paulo Iolovichti e Marlene Godoy. Os artistas homenageados representam diversas linguagens e trajetórias, tendo em comum a ligação com Brasília e a contribuição para a construção da identidade visual e simbólica da cultura brasileira.
Brasília Museu Aberto
O Brasília Museu Aberto surgiu em 2020, no contexto da pandemia de Covid-19. A primeira edição foi realizada no Congresso Nacional, em comemoração aos 60 anos de Brasília, com projeções artísticas voltadas à população em um formato acessível e adaptado ao distanciamento social. O projeto também contou com exposições online e conteúdos educativos.
Nas edições seguintes, o projeto expandiu-se para outras regiões administrativas do Distrito Federal. Em 2021, houve apresentações na Casa do Cantador (Ceilândia), no Museu Histórico e Artístico de Planaltina e no Museu Nacional da República. A edição também incluiu debates virtuais sobre patrimônio cultural e cidadania.
Em 2022, o projeto voltou ao formato presencial, com atividades concentradas no Panteão da Pátria e no Museu de Arte de Brasília. O encerramento ocorreu na cúpula do Museu Nacional da República. A partir dessas ações, o Brasília Museu Aberto consolidou-se como uma das principais iniciativas de arte pública da capital federal.
O projeto tem reunido obras de artistas reconhecidos nacional e internacionalmente, como Tarsila do Amaral, Siron Franco, Burle Marx, além de representantes da nova geração da arte brasiliense. A curadoria das edições tem buscado valorizar a diversidade de linguagens e origens dos artistas participantes.
Nova edição
A edição de 2025 reúne artistas com produções diversas em termos de linguagem, tema e abordagem. Antonio Obá, por exemplo, trabalha questões relacionadas à identidade e religiosidade afro-brasileira. Clarice Gonçalves investiga experiências femininas, enquanto Irany Tibiraça incorpora elementos naturais e indígenas em suas obras.
Nicolas Behr apresenta uma poética urbana em forma de haicai. Renato Matos combina música, escultura e poesia. Stuckert e Zuleika de Souza utilizam a fotografia como meio de registrar e interpretar o cotidiano urbano do Distrito Federal. Já Toys Daniel desenvolve murais e obras inspiradas no graffiti e na cultura visual brasileira.
José Maciel, Pedro de Andrade Alvim, Nanche Las-Casas e Delei (Antonio Wanderlei Amorim) também compõem o grupo de artistas convidados. Suas obras abordam temas como memória, paisagem urbana, crítica social e a experimentação visual no espaço público.