Origens e raízes da cena teatral

Organizados, os estudantes têm aprendido sobre produção

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O coletivo surgiu a partir de um encontro entre o ator e diretor Thiago Carvalho e um grupo de estudantes da UnB, que estavam em busca de novas formas de explorar o teatro e suas subjetividades. Em março de 2021, Carvalho se deslocou para Brasília para lecionar como professor substituto na Universidade de Brasília, onde ministrava aulas de interpretação teatral. Durante o período de docência, ele iniciou um processo criativo com os alunos com base na Cartografia Sentimental, conceito desenvolvido pela filósofa e psicanalista Suely Rolnik, que propõe uma escrita coletiva e experimental, na qual a criação artística é entendida como um "textotrajeto".

"Eu escolho um recorte, um tema a ser trabalhado e convido cada um a escrever sobre uma sensação. O processo de escrita é o objeto da pesquisa, pois se constrói a partir da relação do indivíduo com o próprio objeto-processo", explica Thiago Carvalho. O foco do trabalho não está apenas na obra final, mas no próprio percurso criativo, que envolve uma investigação contínua, tanto do ator quanto da direção e da dramaturgia.

O contato com essa forma de pesquisa gerou grande interesse entre os estudantes, que, ao final do semestre letivo, decidiram seguir com o trabalho iniciado em sala de aula.

Eles se deslocaram até Salvador para expressar seu desejo de continuar as experiências criativas com Thiago. Esse movimento culminou na criação do 'Poéticas da Meia Noite', um coletivo teatral que visa aprofundar os estudos em dramaturgia, processos criativos e a poética do grupo, inicialmente a partir das ideias de Aristóteles e posteriormente ampliadas para outras áreas da criação cênica.

Formação expressiva

Atualmente, o coletivo conta com a participação de seis estudantes da UnB, além de dez profissionais de Salvador e quatro de Brasília, que atuam em áreas como cenografia, iluminação, design, fotografia, comunicação e mediação. O grupo tem se dedicado à experimentação de diversas linguagens e formas de criação, trabalhando em conjunto para desenvolver suas produções e buscar apoio por meio de editais de financiamento, como o contemplado para o projeto Solos Flutuantes, que recebeu recursos da Lei Paulo Gustavo.

O coletivo se organiza dentro dos princípios do teatro de grupo, em que a criação e a produção são compartilhadas entre os membros, com foco no trabalho contínuo e colaborativo.