Histórias de Sobradinho lançadas em livro

Versão digital será disponibilizada gratuitamente para acesso público

Por Thamiris de Azevedo

Sobradinho é uma das mais antigas regiões administrativas

O livro “História de Sobradinho” foi lançado oficialmente e marca a primeira obra inteiramente dedicada à memória da região. Resultado de um projeto apoiado pelo Instituto Latinoamérica e pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF, a publicação reúne 192 páginas de relatos, fotografias e documentos que reconstroem a trajetória local desde vestígios pré-históricos até o surgimento de Brasília. Os exemplares serão distribuídos inicialmente em escolas, bibliotecas e órgãos públicos do Distrito Federal.

Em entrevista ao Correio da Manhã, o coordenador do projeto, o historiador Leônidas Barros, conta que a iniciativa nasceu de uma necessidade coletiva de preservar a memória da cidade.

“Partiu de uma conversa entre amigos. Eu também nasci e cresci em Sobradinho. Nós percebemos que tudo estava disperso e precisava ser reunido em um único lugar. As pessoas vão embora e esquecem de onde são. Queremos resgatar essa memória histórica e afetiva, firmá-las e preservá-las”, afirma.

A pesquisa foi além do período da fundação da cidade, na década de 1960, e alcançou registros milenares.

8 mil anos

“No primeiro capítulo, voltamos cerca de 8 mil anos. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) datou fragmentos de pedra encontrados na Área de Preservação Ambiental (APA) do Contagem, mostrando que a região já era ocupada na pré-história. A história de Sobradinho começa muito antes da Brasília moderna”, explica o historiador.

O livro também apresenta diferentes versões históricas para a origem do nome Sobradinho, baseadas em documentos raros.

“Existe o registro de um mapa cartográfico de 1759, no século 18, que já cita o Ribeirão Sobradinho. Há também relatos de tropeiros que passavam pelas rotas do ouro se referiam ao local ‘sobrado pequeno’ ou ‘sobradinho’, como ponto de referência”, descreve.

Leônidas explica ainda que outra narrativa envolve a circulação de escravos nas fazendas da região. Segundo ele, há relatos de que um escravizado era enviado para levar ouro ao senhor, que pedia para que ele trouxesse “o sobradinho do ouro”.

“É uma versão que aparece em documentos e que ajuda a entender como o nome foi se consolidando no período colonial. Registramos ainda a versão religiosa e popular, porque tudo isso faz parte do imaginário da cidade. Veja, antes de ser uma região administrativa urbana, criada com a intenção de ser uma cidade rural, a área também possui essas histórias mais antiga”, afirma.

Além da versão tradicional, serão disponibilizadas edições pocket em braille e uma adaptação parcial em audiolivro destinada a pessoas com deficiência visual.

À reportagem, Barros informa que, em breve, o livro também será disponibilizado em PDF na internet para o público. Ainda, ele relata que interessados na versão física podem solicitar uma cópia pelo Instagram @historiadesobradinho.