Mais problemas no serviço de home care
Empresa saiu antes do prazo anunciado e não efetuou o pagamento dos profissionais
Há alguns meses, o Correio da Manhã recebe denúncias sobre falhas na prestação de serviço de home care pela Secretaria de Saúde do DF (SES). Trata-se de um tratamento em uma modalidade de alta complexidade, como uma ‘UTI em casa’. Na última reportagem, o jornal noticiou o anúncio sobre a saída da empresa SOS Vida que, segundo a SES, teria resolvido rescindir o contrato que terminaria no dia 10 de janeiro. No entanto, a reportagem apurou que a empresa já parou de prestar o serviço e não pagou os profissionais que também foram transferidos para a outra empresa, causando mais transtornos para os pacientes e familiares que dependem do serviço.
À reportagem, uma técnica de enfermagem que era da SOS que agora está na OnLife, que também presta serviço de home care à SES afirma que a SOS não pagou o salário alegando que o repasse não foi feito pela Secretária de Saúde. Por causa disso, conta ela, muitos técnicos que também migraram de empresa não estão conseguindo ir trabalhar.
“Estamos tirando do bolso para ir trabalhar, quando conseguimos. O plantão já é pouco, e o dinheiro da passagem e alimentação ainda é por nossa conta. Eu mesma já estou pedindo ajuda para a vizinhança. As empresas só pagam no final do mês, então no início a gente se vira para ir trabalhar. Até hoje não recebi o mês passado. Além disso, quero denunciar que a Secretaria de Saúde não manda insumos suficientes para cuidar dos pacientes e os familiares também estão tirando do próprio bolso, mesmo com dificuldades”.
Outra técnica de enfermagem, que também preferiu não se identificar, conta que não recebe desde outubro. “Eu estou sem dormir direito. Precisei pegar empréstimos para pagar alimentação e transporte. Eu sou mãe solo, tenho dois filhos pequenos. Eu estou desesperada. Fui expulsa por não pagar aluguel e estou morando de favor na casa de uma amiga”, diz.
Faltando
Célia Santos, mãe da Nicole de 11 anos, relata que frequentemente os técnicos de enfermagem estão faltando. Ela também ressalta que sua filha está sem prescrição médica para conseguir os remédios. “Ela foi migrada da SOS no dia 24 de novembro. Hoje estou sozinha. Falaram que ainda não conseguiram ninguém para vir”, afirma.
A mãe de Rebeca de 7 anos, Suziany Morais, informa que com as faltas dos técnicos ela está correndo risco de perder o emprego. “Eu tive vários problemas com a SOS e fui migrada no dia 13 de novembro. Mas agora, o pior está acontecendo. A empresa saiu, não pagaram os técnicos de enfermagem que começaram a trabalhar para a nova empresa, e elas pararam de vir. Eu estou correndo risco de perder o meu emprego, porque preciso ficar com a minha filha e não tenho assistência”, relata.
A mãe de Helena de 5 anos, Neicy Fernanda, também confirma a história. “A Helena foi migrada no dia 13 de novembro. Nós estamos cobrando o pagamento dos técnicos para que tenhamos auxílio nos cuidados, mas um joga para a Secretaria, outro para a cooperativa. De quem é a responsabilidade?”, desabafa.
O Correio da Manhã procurou a SES e a SOS. Ambas não responderam aos questionamentos até o fechamento desta edição.
