Vacinas contra bronquiolite começam a ser aplicadas no DF

Imunizante pretende diminuir a incidência do Vírus Sincicial Respiratório

Por Thamiris de Azevedo

Vacina visa proteger bebês de um dos seus maiores riscos à saúde

Começa nesta quarta-feira (3) a vacinação contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) para gestantes no Distrito Federal. A capital recebeu 9,5 mil doses, enviadas pelo Ministério da Saúde, já distribuídas às Unidades Básicas de Saúde (UBSs). O imunizante será aplicado em mulheres a partir da 28ª semana de gestação, sem limite de idade, com o objetivo de proteger os recém-nascidos contra a bronquiolite.

Segundo dados do Ministério da Saúde, o VSR é responsável por cerca de 75% dos casos de bronquiolite e 40% das pneumonias em crianças menores de dois anos. Em nota, o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirma que a iniciativa representa mais um passo decisivo para proteger gestantes e recém-nascidos de uma das infecções respiratórias mais graves no período neonatal.

“A chegada dessa vacina é uma novidade e reforça o compromisso do SUS com a prevenção e com o cuidado integral das famílias brasileiras”, disse.

Imunização passiva

Em entrevista ao Correio da Manhã, o pediatra infectologista Renato Kfouri ressalta que a bronquiolite é uma das principais causas de hospitalização de recém-nascidos. Em casos graves, os pequenos podem precisar de internação em UTI, e a doença pode até levar ao óbito. Ele destaca que a vacinação é uma estratégia fundamental para reduzir esses riscos e proteger os bebês.

“Nós aprendemos com a gripe, com a coqueluche, com a covid-19, entre outros, que vacina faz com que a gestante transfira esses anticorpos para o bebê. Assim, ele nasce protegido com essas imunizações chamadas de passivas”, informa.

O especialista destaca que os imunizantes transferidos à criança não têm muita durabilidade, mas ajudam a preservá-lo, pelo menos, nos primeiros meses de vida. Segundo ele, 75% das hospitalizações ocorrem no primeiro semestre de vida.

“Esses anticorpos transferidos da mãe para o bebê não duram muito tempo, mas duram pelo menos pelo primeiro semestre de vida, que é o período de maior vulnerabilidade. Estudos já comprovaram que vacinar entre 28 e 36 semanas de gestação é uma ação eficiente para transferir anticorpos para o bebê. É uma vacina que não tem contraindicação, inclusive para gestantes que têm alguma doença crônica. Sobre os os efeitos colaterais, são raros. Como qualquer vacina, pode gerar dor no local da aplicação, febre e sintomas de mal-estar, mas de curta duração.”, esclarece.

Kfouri explica que, para crianças que permanecem em risco mesmo após a imunização materna, é indicada a administração do anticorpo monoclonal Nirsevimabe, incluindo prematuros e outros bebês com maior vulnerabilidade. Em nota, a SES informa que a aplicação do Nirsevimabe está prevista para fevereiro, período de maior incidência de doenças respiratórias em recém-nascidos.