Projeto leva jiu-jitsu a aldeia do DF
No último fim de semana, 13 crianças ganharam medalhas em uma competição
Próximo ao Setor Noroeste, uma das áreas mais valorizadas de Brasília, está a Aldeia Teko Hall, também conhecida como Santuário dos Pajés. Duas vezes por mês, o espaço recebe uma visita especial: a do sensei Daniel Badke. Há pouco mais de dois anos, o professor conduz o Projeto Curumin BJJ, iniciativa que atende a mais de 50 crianças das etnias Guajajara, Kariri Xocó e Terena e oferece aulas de jiu-jitsu aos jovens guerreiros.
Com apoio de parceiros, Daniel reformou o espaço de convivência da aldeia e construiu um pequeno pátio para os treinos. Nas paredes há pinturas, no chão, tatames, e ao redor, a natureza do cerrado brasiliense. Simples, o ambiente é carregado de significado. Em entrevista ao Correio da Manhã, o faixa-preta destaca que sua missão é promover inclusão e transformação social, apesar das dificuldades impostas pela falta de recursos.
“Recebemos algumas doações, poucas... Cada final de semana é uma correria diferente para conseguir ao menos o lanche das crianças, que nós damos depois dos treinos. É sempre uma pressão e nunca sabemos exatamente como vamos fazer na próxima aula... Os nossos materiais são todos usados, mas estão servindo”, relata.
Ele reforça os benefícios da modalidade na formação dos jovens. “O jiu-jitsu é benéfico de diversas formas para essas crianças indígenas. Existem muitos valores inerentes às artes marciais. Eu vejo que existe uma mudança dentro e fora do tatame. Acredito que, agora, eles têm mais foco, disciplina, confiança, respeito ao próximo, e também que houve uma mudança no espírito colaborativo”, continua.
O sensei afirma ainda que, embora esteja ali para ensinar, também aprende diariamente com os alunos. “Eu sou professor, mas eles me ensinam sobre cultura, costumes, histórias e até algumas palavras”, diz.
Campeonato
Mesmo com limitações, muitas crianças já se destacaram em competições. Daniel recorda a disputa realizada no último fim de semana (22 e 23): a Copa Brasília Internacional.
“Organizamos competições até dentro da aldeia, assim eles aprendem a ganhar e perder. É difícil levá-los para fora. Precisamos de transporte, comida, inscrições... Mas nós damos um jeito e conseguimos. No último final de semana, 13 crianças competiram e todas elas ganharam medalhas. Foram quatro de outro, sete de prata e duas de bronze. É muito gratificante ver eles subindo no pódio mostrando que o projeto está dando certo. Eu acho que é um povo muito ‘raçudo’, então isso ajuda mesmo com eles treinando pouco”, declara.
