Menos recursos para saúde e educação

Com aumento da verba para segurança pública, Fundo Constitucional do DF cortará nas outras áreas

Por Thamiris de Azevedo

Houve protestos na CLDF aos cortes na saúde

Durante audiência na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), nesta quarta-feira (5), foi apresentado o novo Projeto de Lei Orçamentária Anual do DF para 2026. A Secretaria de Economia do DF anunciou que, para o ano que vem, a capital federal deverá receber R$ R$ 28,4 bilhões advindos da União pelo Fundo Constitucional do DF, recurso destinado exclusivamente para saúde, educação e segurança.

Em comparação ao ano passado, o fundo teve aumento de 13,29%, mas a distribuição do valor gerou polêmica. Mais da metade do valor (54,26%) , quando foi informado que deste dinheiro (54,26%) será destinado para a segurança, com um amento de 34% quando comparado ao ano passado. Para a saúde, irá 27,7%, uma queda de quase 2,96%. Para a educação, 17,98%, também representado queda, de 6,2%.

A Secretaria afirmou, durante a sessão, que a diminuição na educação e saúde é decorrente das despesas obrigatórias que instituíram aumento do salário das forças de segurança do DF, e a necessidade do pagamento de pensionistas das duas áreas com recurso distrital.

“Mas estamos à disposição para diálogo com os titulares da pasta para alteração orçamentária caso seja necessário algum remanejamento que vise resolver alguma questão urgente”, disse o secretário executivo de Finanças, Orçamento e Planejamento.

Acordo

À reportagem, o presidente da Comissão de Educação e Cultura, deputado distrital Gabriel Magno (PT), destaca que esses novos valores entram em contradição com o que foi firmado com a pasta em junho deste ano.

“O GDF fez a opção política de alocar mais recursos em outras áreas em detrimento da educação e da saúde. O pacto feito com a sociedade foi rompido e essa escolha vai impactar diretamente na qualidade dos serviços prestados à população. Na LDO de junho, acordamos que seriam R$ 6 bilhões para Educação e R$ 9 bilhões para Saúde. Agora, a proposta traz R$ 5,1 bilhões e R$ 7,9 bilhões, respectivamente. Essa mudança é drástica e compromete políticas públicas essenciais. Como garantir nomeações, reestruturação das carreiras e melhoria do atendimento nas escolas e hospitais com esse estrangulamento?”.

Para a presidente do Conselho Regional de Medicina do DF, Lívia Vanessa, o corte de R$ 1,1 bilhão proposto pelo GDF para o orçamento da saúde em 2026, quando comparado ao proposto em junho, pode agravar ainda mais a crise na rede pública.

“Brasília tem o maior número de médicos por habitante do país, mas esses profissionais não encontram condições adequadas para exercer sua função. A sobrecarga, carência de estrutura e de recursos humanos, remuneração abaixo do mercado e os modelos terceirizados de gestão desmotivam quem está na linha de frente e comprometem a qualidade do atendimento à população. Esses recursos são fundamentais para novas contratações, modernização de equipamentos, melhorias na infraestrutura das unidades e ampliação dos serviços. Sem esse investimento, continuaremos presos aos mesmos problemas”, afirma ao Correio.