Melchior revive: margens serão reflorestadas
Projeto deve ser executado no próximo ano e pretende proteger o rio ameaçado por termelétrica
O Governo do Distrito Federal anunciou que irá implementar um projeto de reflorestamento e recuperação ambiental da bacia do Rio Melchior. Segundo o projeto, a área recuperada terá 100 hectares, equivalente a mais de 100 campos de futebol. A decisão foi tomada após aprovação unânime do Conselho de Administração do Fundo Único do Meio Ambiente, que reúne representantes da sociedade civil e do governo do DF.
Em entrevista ao Correio da Manhã, a assessora da Coordenação de Gestão das Águas da Subsecretaria de Resíduos da Secretaria de Meio Ambiente do DF, Ilana Sarah, detalhou o planejamento do projeto. Segundo ela, os debates começaram em 2023. Ao ser questionada sobre a demora na implementação, a especialista explicou que a morosidade decorreu de trâmites legais necessários para a proposição da iniciativa, além de etapas que exigem aprovação técnica com levantamento de dados e a definição orçamentária.
“Embora a secretaria já tenha experiência na execução de projetos de recomposição da vegetação nativa, as intervenções em bacias urbanas são mais complexas que as rurais, uma vez que sofrem pressão da ocupação humana e também devido à dinâmica dos corpos hídricos da região”, afirma.
Ela informa que o projeto está orçado em aproximadamente R$ 6,5 milhões e destaca a importância da preservação da vegetação na região.
“Pensamos nas áreas prioritárias de recomposição com proteção legal para manutenção dos plantios, porque não adianta só plantar, é necessário manter. A Política de Recursos Hídricos define a bacia hidrográfica como unidade de gestão mas, para aumentar a eficiência da gestão e do manejo, é necessário delimitar a área utilizando unidades hidrográficas. Para isso, é preciso pensar em alternativas que sejam adequadas à realidade local que considere o contexto social e econômico da região. Nos últimos anos, a pasta vem discutindo ações prioritárias na Bacia do Melchior para melhorar a qualidade das águas, entendendo que, por ser uma bacia que sofre pressão de uso e ocupação do solo, iniciativas como a recomposição da vegetação nativa e a recuperação de zonas de recarga são prioritárias para proteger as nascentes e os cursos hídricos”, diz.
Para além do rio Melchior, Ilana esclarece que o reflorestamento ocorre em toda “Arie JK”, que abrange também as microbacias hidrográficas dos córregos do Cortado, Taguatinga, Valo, Gatumé e ribeirão Taguatinga.
“Todas as mudas utilizadas serão de espécies nativas do Cerrado, e todo o projeto será embasado no Plano de Manejo da Arie JK. A expectativa é publicar o edital até o final deste ano para iniciar a execução em 2026”, afirma.