Mosquitos "contra dengue" soltos no DF
Substituição de Aedes aegypti "puro" pode reduzir mais 70% dos casos
Foi inaugurado, nesta terça-feira (9), a primeira biofábrica de Wolbachia do Distrito Federal, localizado na Região Administrativa do Guará. Em paralelo, também foram soltos a primeira leva dos “mosquitos do bem”, chamados de Wolbita, alterados geneticamente para erradicar a proliferação de Aedes aegypti transmissor da dengue, chikungunya, zika e febre amarela.
O Ministério da Saúde investiu R$ 9,7 milhões nessa ação, que integra a Estratégia Nacional de Enfrentamento das Arboviroses no Brasil, beneficiando três localidades do Centro-Oeste: Distrito Federal, Luziânia e Valparaíso – os dois últimos em Goiás, no entorno da capital. Os mosquitos liberados foram produzidos na biofábrica inaugurada em julho de 2025, em Curitiba (PR), com capacidade para gerar até 100 milhões de ovos por semana.
Segundo o Ministério da Saúde, a ampliação da estratégia no Distrito Federal e em Goiás representa um avanço significativo para a população das três localidades. Em 2025, até o momento, o Distrito Federal registrou 8.592 casos prováveis da doença, com um óbito confirmado. O resultado significa, segundo dados da Secretaria de Saúde do DF, uma redução de mais de 96% dos casos quando comparados a 2024.
Como funciona
Quando a incitativa foi anunciada no DF, em julho, o Correio da Manhã conversou com o assessor de Mobilização Institucional e Social para a Prevenção de Endemias da SES-DF, Victor Bertollo, ocasião em que ele explicou que a "réplica" do mosquito tem a inserção da bactéria Wolbachia.
“São mosquitos Aedes aegypti como os já existentes na sociedade. A diferença é que têm a bactéria Wolbachia, que bloqueia a transmissão da doença. É como se essa bactéria imunizasse a doença do mosquito, como se vacinasse o mosquito para que ele não tenha mais essa capacidade de transmitir doença. É totalmente seguro para a população” explica.
O especialista esclarece que a bactéria impede que mosquitos Wolbito reproduzam mosquitos com o vírus Denv, o que impede a reprodução da arbovirose.
“Então, há duas opções: ou não vão nascer filhotes ou eles irão nascer com a bactéria, sem a possibilidade da doença. Quando conseguimos soltar grande quantidade desses mosquitos na comunidade, com o tempo, vai haver uma substituição da população contaminada de mosquitos. Deixa de haver mosquitos sem a bactéria Wolbachia, e fica essa nova espécie”, afirma.
Bertollo também destaca que, se for possível trocar 60% dos mosquitos Aedes puros, os casos de doenças causadas pelo vírus poderão ser reduzidosematé70%.
