Semana do Cerrado nas escolas

"Vivo o Cerrado Vivo" une a educação socioambiental com cultura popular

Por Thamiris de Azevedo

Projeto faz parte da "Semana do Cerrado" instituída por lei

Até o dia 15 de setembro (segunda-feira), as escolas públicas do Distrito Federal receberão o projeto “Vivo o Cerrado Vivo”, iniciativa que propõe a prática de uma educação socioambiental atrelada a apresentações da cultura popular local para celebrar a Semana do Cerrado nas escolas estabelecido na Lei Distrital nº 7.053 de 2022. O projeto apresenta palestras, espetáculos dos brincantes de bonecos conhecido como Mamulengo, que é Patrimônio Cultural Imaterial do DF, com o grupo Mamulengo Fuzuê, além de música e dança com o grupo Caco de Cuia.

Em entrevista ao Correio da Manhã, a coordenadora do projeto, Joelma Bomfim, relata que a ideia do projeto surgiu da vontade de juntar arte e educação em um programa que levasse a importância de preservar o meio ambiente, e a importância da lei atrelada a necessidade de falar de maneira lúdica do quão importante é preservar o ecossistema.

“O cerrado é um dos ecossistemas mais devastados e com isso todo o nosso bioma corre risco, então é vital que falemos disso de maneira incessante. A escola é local ideal para difundir um sentimento de preservação. Com isso pretendemos divulgar essa lei e ajudar as escolas a encontrarem formas divertidas de discutir o assunto”, avalia Bomfim.

Para Katiana Souza, gerente da Gerência de Educação Ambiental, Patrimonial, Língua Estrangeira e Arte-Educação da Subsecretaria de Educação Inclusiva e Integral da Secretaria de Educação do DF, a escola é o lugar ideal para despertar conscientização sobre a importância do Cerrado.

“A educação ambiental, em diálogo com a Semana do Cerrado, constitui um espaço privilegiado para refletir sobre as questões socioambientais que afetam esse bioma, como o desmatamento, a perda da biodiversidade e os impactos das mudanças climáticas sobre a vida das comunidades. Nos espaços escolares, essas temáticas ganham força ao serem trabalhadas em conjunto com a valorização da cultura popular e dos povos tradicionais, guardiões de saberes ancestrais e práticas sustentáveis que contribuem para a preservação do Cerrado. Ao integrar ciência, cultura e identidade, a escola se torna um território de resistência e fortalecimento do bioma, estimulando nos estudantes a consciência crítica, o respeito à diversidade cultural e a construção de soluções coletivas para a defesa do patrimônio natural e cultural brasileiro”, afirma.

Lei

A pedagoga e mestra em Desenvolvimento Sustentável lolanda Rocha foi quem coordenou, na linha de frente, a discussão para a criação da lei que leva o Cerrado até as escolas, incluindo esta semana no calendário letivo. Em conversa com a reportagem, ela destaca que além da Lei 7053 de 2022, também existem outras leis que tratam de educação ambiental, mas ela notou uma lacuna.

“Levando em conta essas discussões em algumas escolas, percebeu-se que pouco estava sendo feito para que realmente fosse trabalhada a temática do Cerrado e dada a devida importância. Esta discussão partiu da Escola Classe Lajes da Jiboia, uma Escola do Campo, localizada na área rural de Ceilândia, que já vinha desenvolvendo projetos sem apoios institucionais. A partir dessa discussão procuramos o apoio do Museu do Cerrado da UnB que nos ajudou na elaboração de uma proposta que em seguida virou um Projeto de Lei. Também contamos com o apoio do Sindicato dos Professores do Distrito Federal”, relata.

Para ela é fundamental o estudo sobre o Cerrado logo nos primeiros anos da educação básica para a formação cidadã e socioambiental dos estudantes.

“O Currículo do Distrito federal traz como um dos principais eixos a sustentabilidade, e falar de sustentabilidade é falar da preservação dos biomas, dos cuidados com as águas, com a fauna, a flora e com a vida dos seres humanos. O Cerrado é segundo maior bioma brasileiro. É a savana mais biodiversa do Planeta. É imprescindível estudar que é no Cerrado que nascem os três principais aquíferos do Brasil: O Guarani, o Bambuí, e o Urucuia. Além de ser berço das principais bacias hidrográficas. Resumindo: o Cerrado é o berço das águas para o Brasil inteiro. Não temos como falar da preservação da Amazônia, do Pantanal, da Caatinga e de outros biomas sem antes falar da essencialidade da preservação do Cerrado”, avalia.