Por: Thamiris de Azevedo

DF recebe nova tecnologia de diálise peritoneal

Tratamento pretende evitar idas presenciais ao hospital | Foto: Ualisson Noronha/ Agência Saúde-DF

O Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), vinculado à Secretaria de Saúde do DF, anunciou que, ainda neste ano, o Hospital de Base, irá implementar uma tecnologia, em parceria com a plataforma ShareSource, para monitorar pacientes que realizam tratamento por meio da diálise peritoneal, também chamado de dialyse domiciliar. O sistema público de saúde do Distrito Federal é o primeiro a implementar o sistema no Centro-Oeste e está entre os primeiros a testar essa tecnologia na América Latina. Atualmente, segundo o Iges, são 122 pessoas realizando o tratamento no Hospital de Base.

Em entrevista ao Correio da Manhã, a médica nefrologista e chefe do Serviço de Nefrologia e Transplante Renal do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), Flávia Letícia Carvalho Gonçalves, explica que o tratamento é indicado para pacientes que sofrem de insuficiência renal crônica em estágio avançado, quando os rins já não conseguem mais exercer suas funções básicas de filtrar e eliminar substâncias tóxicas do organismo.

“Essa modalidade de diálise utiliza a membrana do próprio abdômen (o peritônio) como filtro natural, permitindo que o paciente realize o tratamento em casa, de forma mais flexível”, diz.

Como funciona

A especialista relata que, com a nova tecnologia, os pacientes não terão que voltar com frequência ao hospital, onde ocorre o monitoramento manual. Além disso, ela afirma que o tratamento trará mais segurança para o paciente e possibilidade de eficácia para o médico.

“Geralmente o paciente precisa retornar ao hospital pelo menos uma vez ao mês. A coleta de dados sobre o tratamento, como volumes infundidos, quantidade de líquido removido e outros é feita de forma manual, o que pode dificultar a detecção precoce de falhas ou intercorrências. Com a chegada da tecnologia, será possível realizar o monitoramento remoto e digitalizado das sessões de diálise peritoneal domiciliar, ou seja, se houver alguma intercorrência, o atendimento ou o retorno ao hospital serão informados instantaneamente. O sistema funciona por meio de uma plataforma que se conecta ao equipamento, coletando e transmitindo automaticamente os dados de cada sessão para a equipe médica”, declara.

A médica informa que a tecnologia já é utilizada em diversos países, como Canadá, Portugal, entre outros países da Europa, Ásia e América Latina.

“Em muitos desses locais, a implantação do monitoramento remoto em diálise peritoneal tem se mostrado eficaz na redução de complicações, aumento da segurança e melhoria na gestão clínica dos pacientes renais crônicos. O uso desse tipo de tecnologia representa um avanço significativo na promoção da saúde domiciliar e no fortalecimento da medicina personalizada”, ela avalia.