Por: Thamiris de Azevedo

Plantações comunitárias para a saúde do DF

Mais um horto será implementado na próxima sexta-feira | Foto: Jhonatan Cantarelle/Agência Saúde-DF

Para ampliar os projetos da Rede de Horto Agroflorestal Medicinal Biodinâmico (Rhamb) do Distrito Federal, a Secretaria de Saúde (SES) anunciou que deu início a um curso de aperfeiçoamento, em pareceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), destinado, principalmente, para os servidores da pasta. Em entrevista ao Correio da Manhã, Marcos Antônio Trajano Ferreira, um dos idealizadores do Hamb e gerente de práticas integrativas em saúde da SES, explica como o projeto de plantação começou.

“Os Hortos nasceram em 2018 na unidade básica de saúde do Lago Norte, após dois anos consecutivos de surtos de dengue com piora do quadro de arboviroses. Então, a partir de uma proposta de educação ambiental e de resolver as dificuldades de produção de plantas medicinais que as ‘Farmácias Vivas’ estavam enfrentando, propusemos uma limpeza da unidade básica e fez-se um convite à comunidade com a proposta de implantar um sistema agroflorestal sucessional biodinâmico. Grande parte da comunidade aderiu e surgiu, assim, o primeiro Horto que buscava assistência farmacêutica, cuidado com a saúde mental, cuidados ambientais e produções para a segurança alimentar. Essa iniciativa surge do meu trabalho enquanto médico de família e da experiência que já detinha em relação ao cultivo de plantas medicinais em agroflorestas biodinâmicas", contou Ferreira.

Ele destaca que, ao se falar de hortos agroflorestais medicinais, não se está tratando de hortas no sentido tradicional do termo.

“Na verdade, hortaliças também são cultivadas nos hortos, mas as hortas são processos muito mais simples e diferentes do que está sendo proposto. Queremos efetivamente a recuperação produtiva do solo com a implantação dessas agroflorestas biodinâmicas. Queremos que esses espaços se transformem em espaço de vínculo entre a comunidade e os serviços de saúde para promover um cuidado integral, considerando a conjuntura e o contexto de crise climática. Esse equipamento é inovador e permite efetivamente promover política pública intersetorial, articulando com o centro de referência de assistência social, escolas, unidades do sistema socioeducativo e implementação nos cuidados da saúde. Assim, se supera a distância e dispõe de transversalidades nessa promoção da agroecologia”, declara.

Atualmente, segundo o especialista, 34 hortos já foram implantados, número que chegará a 35 a partir da próxima sexta-feira (5). Desses, três foram construídos por iniciativa da sociedade civil, 26 estão instalados em unidades de saúde do DF, e os demais em outros órgãos públicos em Brasília. Desde o início do projeto, já foram reflorestados 14.000 m²

Próximos Passos

Ferreira afirma que o convênio prevê a implementação de mais 50 hortos até 2028, totalizando 85 unidades nos próximos três anos, sendo ao menos 46 concluídos até o final deste ano.

“Essa expansão está garantida e sendo financiada pela Secretaria de Saúde em parceria com a Fiocruz. Das 35 regiões do DF, 19 já tem horto, e a previsão é estender para todas as outras, inclusive para as periferias”, diz.