Brasília resolve privatizar o seu metrô

GDF confirma que pretende dar andamento ao contrato de PPP

Por Thamiris de Azevedo

Intenção do GDF é fazer PPP para gerenciar o metrô

A Secretaria de Estado de Transporte e Mobilidade do Distrito Federal (Semob) confirmou ao Correio da Manhã que enviará, dentro do prazo solicitado pelo Tribunal de Contas do DF (TCDF), um novo projeto revisado apresentando todos os dados solicitados para dar andamento ao processo de privatização do Metrô-DF.

Segundo o TCDF, o projeto de Parceria Público-Privado (PPP), na modalidade de concessão patrocinada para prestação dos serviços de gestão, operação e manutenção do Metrô, está em análise desde 2021. Em abril de 2024, o tribunal concedeu prazo para que o Governo do DF manifestasse interesse na continuação do processo, e na mesma ocasião, também solicitou informações e a correção de uma série de falhas na documentação do projeto, sendo uma delas a respeito da incompatibilidade dos preços de móveis e equipamentos de acessibilidade com os valores de mercado. Em resposta, a Semob solicitou a suspensão temporária da concessão.

“A pasta fez o pedido ‘considerando a necessidade de ajustes que demandam demasiado tempo, e com o objetivo de avançar no projeto de maneira mais equilibrada, garantindo um desenvolvimento mais robusto e eficiente, corrigindo as inconsistências presentes’ ”, diz o órgão.

Em 20 de agosto de 2025, o Tribunal decidiu ceder ao pedido do GDF e prorrogar a suspensão por mais 90 dias, quando a Semob deve apresentar as informações solicitadas. Ao Correio, a pasta confirma que enviará um novo projeto com os devidos reajustes, e ressalta que foi realizada Audiência Pública em 2020. Questionado sobre o motivo da privatização, a Secretaria respondeu que “A concessão visa a melhoria do serviço, assim como aconteceu na Rodoviária do Plano Piloto”.

Oposição

O presidente da Comissão de Transporte e Mobilidade Urbana da Câmara Legislativa do DF, Max Maciel (Psol), critica a privatização.

“O que vemos em relação ao Metrô-DF é uma estratégia clara em que o governo deixa de investir. Corta recursos, deixa o sistema se deteriorar e depois apresenta a privatização como solução mágica. Em 2023, usaram menos de 1% de R$ 171 milhões previstos para modernização e ampliação. Em 2024, comprometeram apenas só 10%. Isso mostra que o sucateamento não é falta de dinheiro, é uma escolha política para justificar a entrega do metrô à iniciativa privada. Em lugares onde se privatizou, como Londres, os problemas persistiram e a população continuou pagando a conta. O exemplo positivo são os sistemas públicos, como Santiago e Madri, que funcionam porque contam com investimento e uma gestão comprometida”, avalia.