Com seca, os "sem floresta" invadem as cidades do DF
Queimadas avançam na seca e obrigam bombeiros a resgate de animais silvestres
Quem mora em Brasília já sabe: de agosto a outubro, a região é marcado pela seca e, consequentemente, por incêndios ambientais. De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), só neste mês de agosto, foram 1,6 mil ocorrências de incêndios florestais e 40 resgates de animais silvestres até o dia 26. O Correio da Manhã conversou com o capitão Fábio Eduardo, que explicou o fenômeno das queimadas nesta época do ano.
“Durante o período de seca, a vegetação perde força, a umidade cai e os incêndios florestais se tornam mais frequentes. Esse cenário provoca a destruição de habitats naturais e obriga muitos animais silvestres a deixarem suas áreas de origem em busca de água, alimento e abrigo. Como consequência, eles acabam expostos a maiores riscos, seja pelo contato direto com o fogo, pela aproximação de áreas urbanas. É quando ficam mais frequentes acidentes durante a fuga”, esclarece.
O especialista destaca que nas últimas semanas, os bombeiros enfrentaram casos emblemáticos que ilustram a situação. “Um jabuti foi resgatado após um incêndio. Ele apresentava a pata queimada, casco ainda quente e descamação na pele. Em outro atendimento, um mico também foi localizado com queimaduras, e ambos foram encaminhados para tratamento especializado. Esses exemplos reforçam a gravidade dos impactos dos incêndios sobre a fauna do Distrito Federal”, alerta.
Resgate
O capitão, que também é gestor, ressalta o novo projeto do CBMDF, implantado em 1º de agosto, com vigência até 31 de outubro: o Projeto Piloto de Resgate de Fauna Vertebrada Silvestre. Na ocasião, os profissionais oferecem à comunidade o serviço de resgate rápido com manejo seguro e técnico.
“A maior parte dos atendimentos foram com aves, muitas provavelmente impactadas pela perda de ninhos em áreas atingidas pelo fogo. A maioria dos animais apresentava algum tipo de ferimento ou debilidade, o que confirma o foco do projeto em oferecer resposta rápida e especializada para fauna em risco. Os animais resgatados vão para o Hospital da Fauna Silvestre do DF, ou Centro de Triagem de Animais Silvestre, ou Hospital Veterinário da UnB, para o Zoológico de Brasília ou, quando estão saudáveis, a soltura em unidades de conservação”, relata.
O bombeiro instrui como a população deve agir no caso de avistar um animal silvestre em área urbana. “Deve-se evitar qualquer tentativa de captura ou contato direto, pois isso pode causar acidentes e agravar o estado do animal. A orientação é acionar imediatamente o telefone 193, para que o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal faça o atendimento com segurança. Nos casos em que houver suspeita de crime ambiental, a ocorrência deve também ser comunicada à Polícia Militar”, esclarece.