Maus tratos de animais no DF na mira
Polícia identifica animais doentes em abrigo e suspeita de sacrifícios irregulares
Após uma série de denúncias em desfavor de um abrigo público e clínica veterinária parceira, localizado na Região Administrativa do Gama, a Delegacia de Repressão aos Crimes Contra os Animais instaurou inquérito para apurar os casos de maus tratos. Um médico-veterinário coordenador do abrigo, uma médica-veterinária responsável técnica e a proprietária de uma organização da sociedade civil dona do abrigo foram indiciados.
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) realizou uma vistoria no local e, segundo os agentes, foram identificados diversos cães mantidos em baias superlotadas, com espaço reduzido e condições precárias de higiene. Além disso, muitos recintos estavam sem água disponível, e os potes de alimentação se encontravam vazios.
Alguns filhotes foram localizados em meio a fezes e urina acumuladas, apresentando sinais de desidratação e fraqueza. Também foi registrada a presença de animais com pulgas, problemas dermatológicos, abdômen distendido por provável infestação por vermes e magreza extrema, com costelas aparentes.
A polícia destacou, ainda, o caso de uma cadela da raça Pitbull, que está amamentando e foi encontrada debilitada, sem qualquer fornecimento de alimento hipercalórico adequado.
Clínica
Já na clínica veterinária, foram encontrados 20 cães diagnosticados com cinomose, todos mantidos em gaiolas descritas pela polícia como minúsculas, sujas e sem qualquer fonte de água ou alimentação.
Além disso, o órgão relatou que muitos dos animais apresentavam sintomas neurológicos graves, como convulsões e vocalizações de dor, sem qualquer tratamento prescrito ou medicação adequada. Também foram encontrados medicamentos vencidos no local.
Durante a vistoria, a PCDF identificou indícios de que alguns animais eram retirados do abrigo sob a justificativa de “tratamento” na clínica, mas não retornavam. A situação levantou suspeitas de que estariam sendo sacrificados fora do alcance das fiscalizações.
Em nota à reportagem, a Secretaria de Proteção Animal, criada este ano no DF, esclarece que as investigações conduzidas pela Polícia Civil e as ações de fiscalização por parte da Secretaria são independentes e não conflituam entre si. Segundo a pasta, estão atuando com rigor técnico e administrativo, garantindo a continuidade das vistorias, acompanhando o cumprimento das medidas corretivas e exigindo da Organização da Sociedade Civil responsável as adequações necessárias ao pleno atendimento das normas de acolhimento e bem-estar animal.