Defesa espera reviravolta no caso Adriana Villela
Julgamento foi novamente adiado na semana passada. Um dos ministros votou pela anulação do processo
Um dos julgamentos mais rumorosos já vividos em Brasília teve seu desfecho mais uma vez adiado na semana passada. O Superior de Justiça (STJ) adiou por mais 60 dias o julgamento do conhecido “Crime da113 Sul”, do qual Adriana Villela é acusada de matar os pais e a funcionária que prestava serviços na casa, em 2009. A 6ª Turma retomou o julgamento do Recurso Especial, após quase cinco meses da última suspensão pelo tribunal superior. Mas, desta vez, com uma novidade que animou a defesa de Adriana: um dos ministros votou pela anulação de toda a ação penal contra Adriana desde o início do processo.
O advogado de Adriana Villela, Antonio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, festejou o que considera a possibilidade de uma reviravolta. Ao Correio da Manhã, Kakay considera que o ministro que agora pediu a anulação do processo, Sebastião Reis Júnior, acolheu os seus argumentos.
Sebastião Reis Júnior, por entender que houve “cerceamento de defesa,” abriu divergência e votou para anular não apenas a condenação do tribunal do júri, mas toda a ação penal desde a fase de instrução. Para ele, a juntada dos depoimentos extrajudiciais que incriminam a ré, alegadas apenas no sétimo dia do julgamento, impossibilitou o exercício do contraditório sem espaço para uma análise prévia. Logo em seguida ao voto de Reis Júnior pela anulação de tudo, o ministro Geraldo Og Fernandes pediu vista, ou seja, mais tempo para analisar o processo. O julgamento foi novamente suspenso e deve ser retomado em até 60 dias.
Confiante
Kakay comemorou o voto de Sebastião Reis Júnior. “Acolheram uma tese nossa que nós sustentamos desde o plenário, da absoluta falta de lealdade e a paridade de armas por parte do Ministério Público e da Polícia Civil”, disse o advogado. “Eles omitiram dolosamente, de uma forma ilegal, contra o processo penal democrático. Alguns vídeos e outras provas poderiam ter servido para defesa. Só no sétimo dia do julgamento, esses vídeos foram disponibilizados. Nós levantamos isso desde esse momento. Estamos confiantes de que a justiça vai na linha do voto do ministro Sebastião, para anular todo o processo desde o início”.
Desde o início, Adriana Villela nega ter sido a autora do crime. Adriana foi condenada em 2019 como mandante do assassinato, recebendo uma pena de 67 anos de prisão. A sessão que resultou na condenação ficou conhecida como a mais longa da história do Distrito Federal, com duração de dez dias e mais de 100 horas de julgamento. Em 2022, a pena foi reduzida para 61 anos e 3 meses. A defesa recorreu ao STJ, onde o julgamento encontra-se empatado. Restam três votos para a definição do caso.
O Ministério Público do DF se manifestou, em nota, e afirmou que a expectativa é de que, na retomada, a Corte mantenha a condenação, em respeito à soberania do júri popular.
Em carta aberta publicada à imprensa, após anos de silêncio, Villela lamenta e diz estar sofrendo por ser acusada do assassinato das pessoas que ela mais amou na vida.