Jazz dá o tom na capital
Brasília entra no compasso do Cerrado Festival neste fim de semana
Até o dia 10 de agosto, o espaço da Caixa Cultural oferece música boa, de forma gratuita, durante o Cerrado Jazz Festival. Além de grandes nomes do jazz, também participam do festival artistas consagrados da música popular brasileira, como Chico César, João Bosco e Fabiana Cozza.
A 10ª edição do evento, que acontece desde 2015, promete ser histórica e homenageia duas personalidades fortes na identidade musical do país. Um deles é Dom Salvador, instrumentista pioneiro em misturar samba com jazz de forma inovadora nos anos 1960. A cantora e violonista Rosa Passos, conhecida como a “grande dama da Bossa Nova”, é a outra homenageada pelo festival.
Além dos shows, a programação inclui workshops, oficinas, espetáculos circenses, feira criativa e uma praça gastronômica. Para o público infantil, o “Cerradinho Jazz” garante um espaço com programação lúdica e interativa, com espetáculos, oficinas e atividades circenses, a partir das 16h no sábado (9) e no domingo (10).
Programação
Abrindo a programação de shows da sexta-feira (8), às 19h30, a banda Choro Popular Orquestra. Às 21h, o pianista Dom Salvador, um dos homenageados desta edição. Para fechar a noite, Chico César se apresenta com participação de Fabiana Cozza, às 23h.
No sábado (9), a música começa às 19h30 com o brasiliense Tucanuçu, seguido de um show inédito que reúne, pela primeira vez, João Bosco, Vanessa Moreno e Michael Pipoquinha. A partir das 23h30, o espaço vira festa ao som do groove da Black Rio.
Já o último dia do evento, no domingo (10), às 18h, Egberto Gismonti se apresenta ao lado do violonista Daniel Murray. Rosa Passos, a outra homenageada pelo evento, apresenta seu show às 19h30. Encerrando a programação, às 21h, acontece o Baile do Cerrado Jazz, com poesia de Rubens Negrão, dança com Ricardo Lira e música da Gafieira Cerrado Jazz.
Em meio aos preparativos para o Cerrado Jazz Festival, o pianista autodidata Flávio Silva conversou com o Correio da Manhã, ocasião em que fala sobre sua trajetória e inspirações, que vão de Tom Jobim a Bach. Natural de Brasília. Ele também atua como curador do evento e vê na música uma ponte entre raízes brasileiras e sonoridades do mundo.
“Sou um músico brasiliense que se apaixonou pelo piano ainda na infância. Encontrei na música brasileira, no jazz e na música clássica, as bases para construir meu trabalho. Minhas influências passam por Tom Jobim, Radamés Gnattali, Scriabin, Bach, Bill Evans, dentre vários outros, que me inspiram pela liberdade criativa. Busco um som que respeite as raízes brasileiras, mas também aberto ao diálogo com outras sonoridades”.
Como é atuar como músico e ao mesmo tempo curador do evento?
“Ser músico e curador ao mesmo tempo é desafiador, mas é também uma forma de colaborar mais profundamente com o festival, ajudando a criar um evento diverso e representativo”.
Qual é a importância do Cerrado Jazz para a cena cultural brasiliense?
“O Cerrado Jazz é fundamental para a cena de Brasília porque dá visibilidade à música instrumental e cria conexões entre artistas e público. Participei de todas as edições do festival, tanto como músico quanto na curadoria, e é muito gratificante ver como ele vem crescendo e fortalecendo a cena”.
Como você avalia a relação do jazz com a música brasileira?
“A influência que considero mais importante do jazz é a liberdade. A liberdade de improvisar, de criar novos caminhos, reinterpretar a música brasileira de forma pessoal e espontânea. A música clássica também tem um papel importante, trazendo uma base que dialoga com o jazz e com as nossas tradições populares”.
Gostaria de deixar um recado para o leitor?
“Primeiro, agradeço ao Cerrado Jazz por mais uma oportunidade de participar e colaborar com um evento que representa tanto para a nossa cidade. Espero que o público sinta essa energia e celebre a música junto com a gente”, conclui.