Wolbito: mosquito que interrompe a dengue no DF

Inseto geneticamente modificado atua no controle da dengue, zika e chikungunya

Por Thamiris de Azevedo

Mosquitos geneticamente modificados alteram os demais

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) anunciou a liberação do mosquito “Wolbito” em diversas regiões administrativas: Brazlândia, Sobradinho II, São Sebastião, Fercal, Estrutural, Varjão, Arapoanga, Paranoá, Planaltina e Itapoã. O mosquito geneticamente modificado é incapaz de transmitir doenças como dengue, zika e chikungunya. Ao se relacionar com os demais insetos na natureza, ele vai reduzindo os mosquitos que são vetores das doenças. Este ano, o Distrito Federal registrou uma redução de 97% nos casos dessas arboviroses, quando comparado com o mesmo período do ano anterior.

Em entrevista ao Correio da Manhã, o Assessor de Mobilização Institucional e Social para a Prevenção de Endemias da SES-DF, Victor Bertollo, confirma que a ação acontecerá entre agosto deste ano e janeiro de 2026.

“São mosquitos Aedes aegypti como os já existentes na sociedade. A diferença é que têm a bactéria Wolbachia, que bloqueia a transmissão da doença. É como se essa bactéria imunizasse a doença do mosquito, como se vacinasse o mosquito para que ele não tenha mais essa capacidade de transmitir doença. É totalmente seguro para a população” explica.

Substituição

O especialista esclarece que a bactéria também impede que mosquitos Wolbito reproduzam mosquitos com o vírus Denv.

“Então, há duas opções: ou não vão nascer filhotes ou eles irão nascer com a bactéria, sem a possibilidade da doença. Quando conseguimos soltar grande quantidade desses mosquitos na comunidade, com o tempo, vai haver uma substituição da população contaminada de mosquitos. Deixa de haver mosquitos sem a bactéria Wolbachia, e fica essa nova espécie”, afirma.

Bertollo também destaca que, se for possível trocar 60% dos mosquitos Aedes puros, os casos poderão ser reduzidos em até 70%.

Indonésia

Segundo dados da empresa Wolbito do Brasil, um estudo clínico randomizado e controlado realizado em 2021, na Indonésia, apontou uma redução de 77% na incidência de dengue nas regiões onde houve a liberação do Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, em comparação com áreas onde não houve a soltura.