Familiares de apenados manifestam-se no DF
Depois da morte de Cleiciano, parentes protestam por melhores condições na Papuda
A esposa de Cleiciano Dantas, Deborah Dantas, homem encontrado morto dentro do Centro de Detenção Provisória na Papuda, convocou um ato para a próxima terça-feira (15), em frente ao Ministério Público do Distrito Federal, para reivindicar justiça e melhorias no sistema penitenciário do DF. Segundo ela, estima-se a presença de 140 pessoas no ato. Entre elas, outras esposas, mães e filhos com histórias parecidas.
Hematomas
Ao Correio da Manhã, ela relatou que passou dois meses tentando entrar em contato com o marido, sem sucesso. Segundo contou, a penitenciária informava que ele estava na ala de castigo, no pavilhão disciplinar e, quando saiu, morreu.
“No dia do enterro recebi um laudo, e em uma parte relatava hemorragia interna e choque polêmico. Derivado de que? De alguma pancada forte. Ele perdeu litros de sangue. Foi quando decidi, no dia do enterro, tirar fotos do corpo para procurar marcas, e eu vi várias. Fiquei revoltada. Meu marido entrou com vida e saiu sem, em lugar que dizem que é para ressocializar e reeducar. Ele deixou nossos dois filhos, um de seis meses e outro de dois. Por esses motivos, decidi ir atrás da verdade e da justiça. Ele foi tortudado”, declara.
Camile Moreira contou à reportagem que com seu marido, Raysson Ruan, encontrado morto, em fevereiro deste ano, a história foi quase a mesma.
“Me informaram que na quarta-feira ele foi afastado da escola pelos agentes. Na quinta-feira, apareceu morto. Ele tinha hematomas muitos parecidos com o do Cleiciano. Algumas pessoas me falaram que depois da escola, na quarta, ele já estava morto. Mas o laudo fornecido não diz isso”, denuncia.
Surto psicótico
Deborah relata à reportagem que quando Cleiciano foi preso, ele estava em um episódio de surto psicótico. Segundo ela, ela tinha depressão, ansiedade e TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade).
“Os vizinhos chamaram a polícia porque ele estava gritando muito. Ele jogou uma pedra na viatura e saiu correndo, foi quando ele foi preso. Eu expliquei a situação da saúde mental dele, me perguntaram até se eu queria que o internassem, e eu disse que sim. Mas ele ficou lá na Papuda. Ele estava sem remédio há um tempo, foi quando situação dele agravou. Ele pegava gratuitamente no SUS, mas dessa vez, tentamos em vários lugares e não tinha”, afirma