Audiência pública discute futuro de termelétrica no DF

Após suspensão em março, debate acontecerá no Complexo Cultural Samambaia

Por Thamiris de Azevedo

Usina lançará poluentes na atmosfera do DF

Acontece na noite desta terça-feira (17), no Complexo Cultural Samambaia, uma etapa importante para discutir com a sociedade e autoridades os pormenores do projeto que visa construir uma usina termelétrica (UTE) no Distrito Federal. São muitas perguntas que estão sem respostas desde março, quando, no dia 12, a primeira audiência foi suspensa por medida judicial que avaliou que não teria havido tempo hábil de divulgação para a análise dos impactos sociais e ambientais que o empreendimento poderia causar. A expectativa é que muitas destas indagações finalmente sejam respondidas agora pela Termo Norte, empresa responsável pela instalação.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), é o responsável pela avaliação e licenciamento para que a UTE seja autorizada com base na chamada "Lei da Petrobrás”. O órgão esclarece que a Audiência Pública é uma etapa fundamental e pré-requisito inegociável no processo de licenciamento.

No momento em que a primeira audiência foi suspensa, tudo parecia acontecer na surdina, mesmo à revelia do próprio Governo do Distrito Federal (GDF), que afirmou na ocasião ao Correio da Manhã que não estava ciente do planejamento que tramitava no Ibamam e na Agência Nacional Reguladora de Águas (Adasa). Na ocasião, o prório secretário do Meio Ambiente, Gutemberg Gomes, afirmou que o governo era contra a ideia da termelétrica, que ia, inclusive, contra todo a defesa feita para incentivar no DF a economia verde. A polêmica só cresceu.

Uma série de denúncias e movimentações contra a Usina passaram a acontecer. Organizações da sociedade civil e deputados distritais desenvolveram diversos estudos que apontaram as ameaças do empreendimento, apresentadas inclusive na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do rio Melchior na Câmara Legislativa (CLDF). A questão virou tema da CPI, porque são as águas mega poluídas do Melchior que a usina pretende usar para seu resfriamento. Na semana passada, técnico do Ibama chegou a dizer na CPI que o rio não tem vazão suficiente para o resfriamento.

A empresa também evitou contato com a imprensa e não compareceu, até então, em nenhuma das reuniões institucionais que debateram a instalação, ocorridas na CLDF e na Câmara dos Deputados.

Contras e prós

Entre as maiores preocupações da população estão o aumento da conta de luz; a realocação da Escola Classe Guariroba, com capacidade para acolher mais de 500 crianças; os excessos de poluentes despejados na atmosfera, que vão na contramão da descarbonização estabelecida no Acordo de Paris; os impactos dos poluentes para a saúde do DF, considerando o clima seco da região; o destino das comunidades rurais que moram próximas, e a exploração do Rio Melchior, que se encontra em estado crítico na pior classificação dos enquadramentos hídricos.

Por outro lado, a empresa destaca que a UTE criará empregos, contribuirá com o fornecimento de energia para o Sistema Interligado Nacional (SIN) e ainda promete devolver ao Rio Melchior uma água mais limpa do que a captada.