Quem joga chorume no rio Melchior?
Distritais da CPI visitam o rio poluído que ainda pode abrigar uma termelétrica
Integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Rio Melchior, acompanhados do Ministério Público do DF, realizaram visita técnica ao Aterro Sanitário de Brasília, na região administrativa de Samambaia, que despeja chorume nas águas do rio Melchior, um dos mais poluídos do Distrito Federal, e que agora sofre ainda a ameaça de abrigar uma termelétrica nos seus arredores.
O objetivo da visita foi compreender como esses efluentes são tratados e despejados no local, ocasião em que o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) expôs uma apresentação para os presentes explicando esse processo. Os deputados constataram um ponto grave: a autorização emitida para o despejo do chorume pelas empresas está vencida desde 12 de junho de 2021.
2 mil toneladas
Ao Correio da Manhã, a presidente da CPI, Paula Belmonte (Cidadania), afirma que o aterro despeja mais de 2 mil toneladas por dia no rio. Ela conta que, além da análise da água, solicitou uma amostra do lençol freático, com o objetivo de monitorar possíveis impactos na permeabilidade do solo. “Podemos estar bebendo essa água, de forma indireta, com a poluição”, afirma.
Durante a visita, Belmonte relatou para o SLU que a informação que se tem é que a água não é tratada, e reclamou sobre a dificuldade de acessar as informações geradas pelo órgão.
Gabriel Magno (PT) também esteve presente e relatou à reportagem que coletou a água derivada do chorume, supostamente tratada, e percebeu uma cor amarelada. “A água é imprópria para o consumo, segundo os técnicos das empresas que fazem esse manejo. Não serve sequer para a irrigação, mas eles afirmam que está dentro dos padrões exigidos pelas regras ambientais. Vamos verificar isso", diz o distrital.
A sexta sessão da CPI está agendada para a próxima quinta-feira, dia 29. Na semana seguinte, no dia 5 de junho, os parlamentares farão uma visita técnica às Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) de Samambaia e Melchior.
Ao Correio da Manhã, o SLU enviou nota afirmando que está em conformidade com as bases legais e em cumprimento com as condicionantes ambientais.
“O chorume gerado no aterro é tratado em uma estação própria com tecnologia de tratamento físico-químico, que atualmente processa cerca de 1.000 m³ por dia, apesar da outorga permitir até 2.210 m³ diários. A operação, portanto, tem se mantido bem abaixo do limite legal. Os resíduos recebidos são depositados em células de disposição projetadas com múltiplas camadas de proteção”, diz.
A empresa não respondeu sobre o vencimento da licença que permite lançar os efluentes (chorume) no rio.