MP de Contas quer saída de secretário de Saúde

Juracy diz que acumulação de cargos contestada seria legitima

Por Thamiris de Azevedo

Para Juracy, acumulação de cargos tem previsão legal

Após denúncia do Observatório Social de Brasília, o Ministério Público de Contas do Distrito Federal entrou com representação no Tribunal de Contas do DF, requerendo o afastamento imediato do secretário de Saúde, Juracy Calvacante, que entrou no lugar da ex-secretária Lucilene Florêncio, em fevereiro deste ano.

Consta na peça, à qual o Correio da Manhã teve acesso, que o secretário acumula cargos no Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges), atuando como presidente do Conselho de Administração, e simultaneamente na Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF).

Segundo o MP de Contas, essa vinculação representa uma violação ao princípio da segregação de funções, que veda a atuação de uma mesma pessoa na fiscalização e na execução de contratos administrativos, considerando que o Iges presta serviços à SES.

“É inequívoca a configuração do conflito de interesses, uma vez que a receita do Iges-DF advém de repasses efetuados pelo próprio Distrito Federal”, argumenta o órgão.

A empresa é responsável pela gestão das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), do Hospital de Santa Maria e do Hospital de Base.

“Legal”

A reportagem entrou em contato com as partes acusadas. Segundo o Iges, a ocupação do cargo pelo médico está em conformidade com o Estatuto Social do Instituto que foi aprovado no Decreto nº 40.396 de 2020.

“Desde a publicação do referido decreto, todos os titulares da Secretaria de Saúde do DF passaram a exercer a presidência do Conselho de Administração do Instituto. À época da aprovação do Estatuto, o então Secretário de Saúde, Osnei Okumoto, foi designado como presidente do Conselho. Portanto, a atual ocupação do cargo por Juracy Cavalcante está em total conformidade com a legislação que rege a estrutura de governança do Iges-DF”, afirma em nota ao Correio da Manhã.

No mesmo sentido, a SES afirmou que a atuação está em plena conformidade com a legislação vigente, baseada nas competências legais atribuídas ao cargo, sem, segundo a Pasta, qualquer viés de interesse pessoal.

“O secretário acionou a Secretaria Adjunta de Governança com o objetivo de esclarecer e resolver eventuais questionamentos relacionados à sua atuação na presidência do Conselho de Administração do Iges-DF, com o intuito de garantir total transparência e afastar quaisquer alegações de eventual conflito de interesses”.