MP cobra explicações de denúncias em hospital psiquiátrico

Em quatro meses, aconteceram duas mortes no São Vicente de Paulo

Por Thamiris de Azevedo

SES afirma que vai desmobilizar leitos psiquiátricos

Após duas mortes em menos de quatro meses, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) protocolou ofício ao secretário de saúde, Juracy Cavalcante Lacerda, solicitando esclarecimentos sobre denúncias de problemas na unidade psiquiátrica Hospital São Vicente de Paulo (HSVP).

O MP afirma ter recebido relatos recorrentes de falhas na triagem clínica de pacientes, acolhimento inadequado de pessoas com comorbidades não compatíveis com a estrutura do hospital, uso indevido de contenções físicas, precariedade nas condições de internação e a ocorrência recente de dois óbitos, um em dezembro de 2024 e outro em abril de 2025.

O MP determinou que em dez dias a Secretaria de Saúde (SES) deverá apresentar um plano de ampliação de leitos psiquiátricos e a implementação de alternativas adequadas de atendimento psiquiátrico.

Ao Correio da Manhã, a Secretaria informa que o hospital está operando com 65% de ocupação de seus leitos, correspondente a aproximadamente 54 pacientes internados na unidade. Segundo a SES, todos os pacientes internados estão sendo acompanhados com avaliações e prescrições médicas atualizadas.

O deputado Gabriel Magno (PT) foi até ao local para averiguar a situação. Segundo ele, a instituição funciona na lógica de manicômio. Ele afirma que todas as denúncias estão em apuração e já foi protocolada petição no Tribunal de Contas do DF, que acatou o pedido.

CAPs

A SES afirma que irá cumprir as determinações e está trabalhando em um plano de ação para desmobilização dos leitos psiquiátricos do DF, incluindo os do Hospital São Vicente de Paulo. A medida prevê a desmobilização progressiva que, segundo a pasta, ocorrerá em consonância com a ampliação da rede de serviços de saúde mental e a abertura de novos cinco Centro de Atenção Psicossocial (CAPs).

Entre as novas unidades, duas serão destinadas ao público infanto-juvenil (Capsi), no Recanto das Emas e em Ceilandia, e outras duas ao tratamento em tempo integral de distúrbios causados pelo abuso de álcool e outras drogas (Caps III AD), no Guara e em Taguatinga. A quinta unidade será implementada no Gama, acolhendo pessoas a partir de 18 anos que sofrem com transtornos mentais agudos ou crônicos.

A secretaria também afirma que está previsto o fortalecimento do atendimento às urgências e emergências dos cuidados a crises em saúde mental de forma descentralizada, incluindo serviços nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), hospitais gerais e, principalmente, nos Caps.