Denúncia de Gonet tem capítulo sobre segurança do DF
Um dos capítulos da ação do procurador centra-se nas omissões da Secretaria de Segurança
Entre os argumentos da denúncia protocolada no Supremo Tribunal Federal, na terça-feira (18), pelo procurador geral da República (PGR), Paulo Gonet, consta um capítulo intitulado “Omissões da Secretaria de Segurança Pública”. O capítulo detalha o papel do ex-secretário de Segurança Anderson Torres e dos demais envolvidos do DF no dia 8 de janeiro de 2023, quando os três prédios da República foram invadidos e depredados. Além de Torres, são mencionados o ex-secretário Executivo Fernando Sousa Oliveira e a ex-subsecretária de Inteligência do órgão Marília Ferreira de Alencar.
Segundo a íntegra do documento, ao qual o Correio da Manhã teve acesso, os envolvidos cometeram omissão deliberada e dolosa no descumprimento de suas atribuições. Consta nos autos da denúncia que os membros faziam parte de grupos de Whatsapp criados para prevenir os impactos negativos das manifestações que foram previamente anunciadas.
“As omissões foram cruciais para a consumação dos eventos de insurgência de 8.1.2023. As práticas malsãs foram identificadas a partir da análise de conversas dos grupos de WhatsApp “Difusão" e "CIISP MANIFESTAÇÕES", que reuniam agentes de diferentes órgãos de segurança pública, e havia sido criado justamente para auxiliar na solução de incidentes durante os protestos previstos para janeiro de 2023”, diz o PGR na denúncia.
Ainda, Paulo Gonet afirma que, em investigação no histórico de conversas de Marília, identificou-se que ela estava em contato direto com Coronel Jorge Henrique, da Inteligência da Polícia Militar, mostrando-se ciente que grupos extremistas estavam a caminho da capital para cometer atos violentos.
“No grupo “Difusão”, também foram compartilhadas mensagens referentes ao expressivo número de pessoas e ao caráter violento das manifestações programadas para o dia 8 de janeiro de 2023. Foi somente às 16h50 do mesmo dia, após o envio de diversas mensagens sobre a dinâmica dos eventos e a invasão às sedes dos Três Poderes, que a Subsecretária de Inteligência da SSP-DF, Marília Ferreira de Alencar, enviou a sua primeira mensagem no grupo, informando: Força Nacional subindo agora pro Palácio”.
Às vésperas do ato, Anderson Torres viajou para os Estados Unidos, e o secretário executivo ocupou o seu lugar. Torres também já foi Ministro da Justiça do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O PGR elenca no documento a omissão dos denunciados como organização criminosa.
O Correio da Manhã procurou o governador Ibaneis Rocha (MDB) para manifestar-se sobre o caso, uma vez que indicou os nomes citados para os cargos. Não obtivemos resposta até o fechamento desta matéria.
A denúncia também afirma que Anderson e Marília, quando ainda estavam no Ministério da Justiça, coordenaram o uso indevido da Polícia Rodoviária Federal para causar transtornos e obstáculos nas zonas eleitorais da região Nordeste, onde o hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha mais votos.