O que antes era um grande depósito de lixo e entulho virou uma creche gratuita para crianças daquela que já foi considerada a maior favela do Brasil.
Tudo começou a ser realidade no sábado (12), o Dia das Crianças. A Federação Habitacional do Sol Nascente (Fehsolna) promoveu evento com cerca de 300 moradores da região. E, na ocasião, anunciou a inauguração do Centro de Convivência Infantil destinado para os filhos e filhas das mães que fazem cursos profissionalizantes na instituição.
A obra foi financiada pela Sustentare Saneamento, empresa que faz a coleta de lixo no Distrito Federal. A reforma faz parte do programa “Adote Uma Creche”, projeto em que a empresa todo ano adota um espaço para reformar ou construir em prol de crianças e adolescentes.
A construção levantou as paredes, pisos, telhado, parte elétrica, forro, construiu banheiros com acessibilidade e incrementou o espaço com pinturas infantis em grafite que incentivam a sustentabilidade e consciência ambiental nas crianças.
Do zero
Rojane Costa, superintendente regional da Sustentare Saneamento, conta ao Correio da Manhã que foi tudo do zero. Os espaços vazios foram aproveitados, com duas paredes em forma de L, onde se enxergou potencialidade na estrutura para levantar o Centro de Convivência para as crianças. Ela ainda contou que o espaço foi levantado em apenas dez dias, com início em 30 de setembro e entrega no dia 10 de outubro.
“É uma alegria fazer a entrega do Centro de Convivência que vai amparar cerca de 200 crianças, filhos das mães que fazem cursos profissionalizantes na Fehsolna. Em 2023, nós visitamos o espaço, era um terreno aberto, sem muita estrutura. Duas visitas à frente, estreitamos a relação e decidimos começar a obra”, ressalta a superintendente da empresa.
Reforço escolar
Segundo a presidente da Fehsolna, Edilamar Correia, agora com o espaço pronto também serão oferecidas aulas de futebol, jiu-jitsu e reforço escolar para as crianças que estão em acolhimento no local enquanto suas mães trabalham.
A Analista de responsabilidade social da Sustentare Saneamento, Gláucia Lacerda, conta que a empresa está para além da limpeza urbana e busca impacto social positivo para o público em geral e a comunidade como um todo. Busca-se, segundo ela, o desenvolvimento humano para fazer a diferença não só no setor de limpeza urbana, mas em todo o Distrito Federal.
“A empresa utilizou o material com a logística reversa, ou seja, reutilizar o que seria descartado e transformar novamente de uma forma sustentável de forma utilitária. É nessa pegada de educação ambiental”, explica Glaucia.
“Participar em parceria com a Fehsolna é contribuir para que essas instituições continuem executando seus serviços com qualidade e excelência, visto que é voltado para famílias com vulnerabilidade social. Queremos garantir direitos básicos e proporcionar oportunidades para que elas consigam empreender. A empresa tem essa Pasta com a responsabilidade social” conclui.
Empoderamento feminino
A Federação Habitacional do Sol Nascente, conhecida como Fehsolna, foi fundada em 1999 com o objetivo de promover cursos profissionalizantes para qualificar as mulheres moradoras do Sol Nascente. Seu objetivo é alcançar o público feminino para inserir as mulheres em situação de vulnerabilidade social no mercado de trabalho e incentivar o empreendedorismo.
Atualmente, são ofertados gratuitamente os cursos de corte e costura, cabeleireira, manicure, artesanato, plantação de horta e danças. São 70 mulheres matriculadas e centenas já formadas.
“A sala de Convivência oferece conforto para as nossas crianças, filhas das mulheres que participam do curso de qualificação. Agora tem aconchego”, afirma a presidente da instituição.
A maior favela do país
Localizada a 30 km do centro de Brasília e fundada em 2019, o Sol Nascente tornou-se região administrativa há apenas 5 anos. É é uma extensão de Ceilândia e já foi considerada a maior favela do Brasil. Segundo dados do IBGE de 2022, são 32.081casas com mais de 95 mil habitantes. A favela da rocinha, no Rio de Janeiro, é a segunda maior.
“Se no ano 2000 a região tinha pouco mais de sete mil moradores, em dez anos esse número chegou a 75 mil pessoas, e atualmente a população é de quase uma centena de milhares de pessoas, o que coloca a região administrativa na prateleira das mais populosas do Distrito Federal” afirma em nota o governador de Brasília, Ibaneis Rocha.