Planta da África agride ecossistema do Cerrado
Projeto de Lei distrital propõe a proibição do plantio da "mijadeira", que é tóxica para beija-flores e abelhas
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou em sessão na Câmara Legislativa, nesta terça-feira (24), o Projeto de Lei (PL) nº 801/2023. O projeto proíbe a produção de mudas, distribuição e o plantio de árvore da espécie Spathodea Campanulata no DF, sob pena de multa de R$ 1 mil após a vigência da lei.
A planta também é conhecida como “tulipeira-do-gabão”, “xixi-de-macaco”, “chama-da-floresta” ou “mijadeira”.
A propositura, apresentada pelo deputado Roosevelt Vilela (PL), é justificada pelos prejuízos e preocupação que o plantio desenfreado da árvore causa à biodiversidade de Brasília, principalmente para insetos e para os pássaros beija-flor, comprovada em estudo realizado pelo Departamento de Botânica e o Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB).
O deputado do PL informou ao Correio da Manhã, que a planta, importada da África alastrou-se por Brasília. “Um levantamento demonstra que, somente no Plano Piloto, existem cerca de 565 árvores desta espécie em 30 a 39 superquadras. Por isso, é importante que haja um controle no plantio dessa planta, principalmente em áreas próximas a colmeias de abelhas e em regiões de grande biodiversidade”, afirma.
A proibição já foi oficializada em várias partes do país, como Curitiba (PR), Vitória (ES) e Limeira (SP) em estados de Santa Catarina (SC) e Mato Grosso (MT).
Perigos
A especialista Roberta Costa e Lima, engenheira florestal e professora universitária, explica que a planta é originária da Àfrica. Ela atrai abelhas e pássaros, mas seu néctar é tóxico e pode matá-los.
“Diminuir a população de abelhas é muito prejudicial, pois são polinizadoras de muitas espécies. Recentemente a planta foi descrita como espécie exótica invasora. Nesse caso, ela prejudica o desenvolvimento das espécies nativas especialmente no Cerrado e Mata Atlântica. Em Brasília, foi muito plantada nas primeiras décadas. Proibir viveiro, venda e plantio é essencial para evitar mais danos ao Cerrado”, explica.
