Vacinação contra HPV no DF abaixo da meta esperada

Apenas 59,4% das meninas e 29,9% dos meninos foram imunizados

Por Mayariane Castro

O HPV pode provocar câncer e outras complicações

No desfile de Sete de Setembro no sábado, uma das principais atrações foi a presença do Zé Gotinha. O personagem originalmente criado para estimular a imunização contra a poliomielite acabou se tornando símbolo da estratégia vacinal brasileira, considerada uma das mais bem sucedidas do mundo. Enfrentando, porém, um período de negacionismo de certos grupos, a vacinação brasileira enfrenta novos desafios. E um deles refere-se à cobertura vacional contra o HPV (Papiomavírus Humano), infecção sexualmente transmissível que pode provocar câncer e levar até a morte, mas que pode ser evitada com a imunização.

A cobertura vacinal contra o HPV (Papilomavírus Humano) no Distrito Federal apresenta números abaixo da meta estabelecida. Atualmente, apenas 59,4% das meninas e 29,9% dos meninos na faixa etária de 9 a 14 anos foram vacinados. A baixa adesão está preocupando as autoridades de saúde, que estabelecem a meta nacional de imunização em 100% dessa faixa etária.

O Distrito Federal foi pioneiro na introdução da vacina contra o HPV, começando a vacinar meninas em 2013 e meninos em 2017. Apesar do pioneirismo, os números atuais estão aquém do esperado. A vacina é essencial para prevenir doenças graves causadas pelo HPV, incluindo cânceres de colo do útero, pênis, ânus, garganta e verrugas genitais. A falta de sintomas visíveis imediatos da infecção pode levar a complicações graves a longo prazo, tornando a vacinação um método crucial de prevenção.

Para eles também

Além de prevenir cânceres, a vacina também é importante para os meninos, pois reduz a transmissão do vírus na comunidade. Dados da Secretaria de Saúde do DF (SES-DF) mostram que apenas 7,1% dos meninos de 9 anos tomaram a vacina entre 2017 e 2023, o que reflete desafios significativos na cobertura vacinal.

Entre os fatores que contribuem para a baixa adesão estão a falta de informações claras e a disseminação de informações falsas sobre a vacina. Em resposta a esses desafios, o Ministério da Saúde introduziu em abril deste ano uma nova estratégia de vacinação, oferecendo uma dose única do imunizante. O objetivo é simplificar o processo e aumentar a adesão à vacina, visando uma maior cobertura vacinal.

A vacinação continua sendo recomendada para meninas e meninos de 9 a 14 anos, e também está disponível para pessoas com imunidade baixa, vítimas de violência sexual e outras condições específicas. De acordo com o Programa Nacional de Imunizações (PNI), esses grupos podem receber a vacina até os 45 anos.

A vacina contra o HPV pode ser encontrada em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Distrito Federal. Para portadores de imunodeficiências ou comorbidades especiais, as vacinas são oferecidas no Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais do Distrito Federal (Crie/DF) e no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib). As autoridades de saúde seguem trabalhando para melhorar a adesão e atingir a meta de cobertura vacinal estabelecida.