Com um frasco de spray laranja em mãos, Manuela Rodrigues, uma universitária de 20 anos, já vestida como Velma do desenho Scooby-Doo, cuida meticulosamente do cabelo de seu amigo Gabriel Araújo, da mesma idade e turma na faculdade de letras. Gabriel, por sua vez, vai incorporar outra personagem feminina, a Daphne, também do mesmo desenho animado. Ambos residem na região de Planaltina (DF), distante 45 quilômetros do Anime Summit, o maior evento geek do Centro-Oeste.
Manuela e Gabriel começaram os planejamentos para o evento há um ano, a fim de interagir com outros aficionados por cultura pop e atrair a atenção para algumas fotografias.
Segundo a organização do Anime Summit, que aconteceu no pavilhão do Parque da Cidade, em Brasília, o evento atraiu uma média de 15 mil pessoas em cada um dos quatro dias. Além de se fantasiarem, os participantes desfrutaram das atrações oferecidas pelos 72 expositores de artesanato, literatura, gastronomia e apresentações musicais.
"Movimentamos mais de R$ 10 milhões com vendas, fornecedores e bilheteria. Aqui estão presentes mais de 100 ilustradores e 80 artesãos", informa Mario Kodama, organizador do evento.
O jovem José Emanuel Carvalho, de 18 anos, se transformou na personagem Pyramid Head e foi um dos cosplayers mais requisitados para fotos. Residente em Ceilândia, ele pesquisou vídeos na internet para aprender a desenhar e construir o capacete. "Utilizei material reciclável, o que tornou mais fácil. Na minha turma, não costumamos conversar muito. A interação se dá mais nos jogos. Hoje é um dia em que nos envolvemos mais e isso é benéfico para nossa saúde mental", revelou.
Um dos jovens que fez questão de tirar foto com Pyramid Head foi Isaac Arthur, de 17 anos, também morador de Samambaia. Ele também chamava atenção com uma fantasia inusitada e autoral. Isaac criou, especialmente para o evento, o personagem Cabeça de TV.
Durante o evento, a atriz e dubladora paulista Tati Keplmair, que interpreta Nami, do anime One Piece, e Sakura, de Naruto, observa que a cultura nerd e o gosto por esse tipo de gênero têm ajudado os jovens a se comunicarem melhor. "Eles passaram praticamente três anos isolados em casa. Agora, estão voltando a se encontrar. Tenho percebido isso nesse tipo de evento" (com informações da Agência Brasil).
