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DF registra recorde em transplante de órgãos

Maior parte dos órgãos doados saem de outros estados, via transporte aéreo | Foto: Mariana Raphael/Agência Saúde-DF

O Distrito Federal bateu recorde no número de transplantes de órgãos realizados em 2023. Ao todo, foram feitos 839 transplantes, o maior número registrado desde 2009, o que representou um crescimento de 12,32% em relação a 2022. Mesmo assim, a diretora da Central Estadual de Transplantes do Distrito Federal, Gabriella Christmann, destacou que os dados poderiam ser ainda melhores, visto que mais da metade das famílias se negam a autorizar a doação.

"Temos um elevado número de notificações de morte encefálica, entretanto a nossa taxa de negativa à doação por parte da família é acima dos 50%. O desejo em ser doador deve estar bem claro para a família. Sem o sim para a doação, não há transplantes", alerta.

A secretária apontou que uma das principais causas para o crescimento do número de transplantes foi o aumento de mortes encefálicas. Isso porque, para realizar o transplante, é preciso que haja a confirmação da morte cerebral. No entanto, sem a autorização da família, não há como realizar o procedimento.

Gabriela também salientou que a maior parte das doações foram de órgãos captados em outros estados. Para isso, as equipes da Secretaria de Saúde precisaram ir a diferentes localidades do país. A maior parte dos transplantes realizados foram córnea, que representaram 338 procedimentos. O transplante de fígado contabilizou 121 operações e o de rim, 103. Além disso, os transplantes de medula são divididos em dois grupos: quando a medula é cedida pelo próprio paciente (160) e quando é cedida por terceiros (44).

Para Eliéte Oliveira, 52 anos, o transplante de fígado foi uma verdadeira mudança de vida. Portadora de uma doença autoimune, o antigo fígado começou a apresentar falência no final de 2021. No ano seguinte, ela enfrentou mais problemas de saúde até ser encaminhada para o transplante. Após a cirurgia, a vida Eliéte passou por uma transformação. "Eu renasci. Meu intestino não funcionava, minha pele era esverdeada, os olhos eram amarelos e meu corpo inteiro coçava, ao ponto de abrir feridas. Hoje, já realizei oito corridas e estou começando a nadar". A mudança ultrapassou o físico e alterou a forma como a administradora aposentada enxerga a vida. "Quando acordo, olho para o céu e sinto uma felicidade, seja qual for o problema. Depois que a morte te dá uma lambida, você vê que problemas se resolvem, tudo se resolve", lembrou.

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