Por:

Brasília se despede do jornalista Paulo Pestana

Paulo Pestana foi um dos principais assessores de Ibaneis | Foto: Agência Brasília

Por Rudolfo Lago

"Viver é ter histórias para contar". A frase abre o último texto escrito por Paulo Pestana, publicado no domingo (10) na Revista do Correio do jornal Correio Braziliense. Com essa crônica, Paulo Pestana despediu-se do jornalismo brasileiro com mais uma de suas raras pérolas. Na sua última crônica, ele conta a história de Tirso Saens, músico e revolucionário cubano, que morreu em Brasília, aos 92 anos. Depois de ter servido ao governo de Fidel Castro e à revolução cubana, Saens veio viver em Brasília, onde morreu, não sem antes gravar na cidade um disco, "Recuerdos", com clássicos da música cubana, como "Contigo en La Distancia" e "Dos Gardenias". Essa foi a última história que Paulo Pestana entregou a seus leitores.

E sempre era assim. Dono de uma refinadíssima cultura musical, Paulo Pestana era capaz de discorrer desde a música clássica até a mais popular música brasileira, passando pelo jazz e rock'n roll. Suas críticas musicais marcaram a cidade, a ponte de Renato Russo, depois de ter trocado Brasília pelo Rio de Janeiro, dizer que continuava lendo os jornais brasilienses para continuar acompanhando a música pelo texto de Pestana. Ultimamente, ele trocara a crítica e reportagem musical pela crônica, onde descrevia o Planalto Central pela ótica de deliciosos personagens na maioria das vezes encontrados nos botecos da cidade que não tem esquinas.

Assessor político

Pestana tinha ainda um outro lado, que era o de assessor político. Nessa sua faceta, foi um dos artífices da candidatura e da vitória do advogado Ibaneis Rocha quando resolveu enveredar pela política, se candidatar e se eleger governador do Distrito Federal pelo MDB. Pestana era um dos principais assessores e conselheiros de Ibaneis.

"Perdi um grande amigo. Era um profissional genial, profundamente comprometido com o Distrito Federal", disse Ibaneis. O governador decretou luto oficial de três dias no DF.

Na semana passada, Paulo Pestana contraiu dengue. Que se agravou. Na manhã de segunda-feira (11), reclamou de fortes dores nas pernas. Levado ao hospital, porém, não resistiu. Paulo Pestana tinha 66 anos. Pernambucano, chegou a Brasília em 1973. Teve passagens por diversos veículos, como TV Globo, Rádio Nacional, Estado de São Paulo, Correio Braziliense e Jornal de Brasília.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.