A moradora de Campo Grande (MS) e aposentada Neuraci Barbosa de Oliveira, de 70 anos, busca aconselhar mulheres vítimas de violência doméstica a como identificar e se desvencilhar do agressor. Isso porque, em 2022, ela mesma conseguiu dar um basta em uma relação abusiva, em que era agredida pelo ex-marido. Além de enfrentar a violência dentro de casa, dona Neuraci sobreviveu a um câncer. Apesar das batalhas constantes, a aposentada esboça um sorriso e afirma: "Eu só quero ser feliz e hoje eu sou feliz". Neuraci passou seis anos vivendo sob o mesmo teto do agressor, até reunir forças para procurar uma delegacia, onde foi ouvida e acolhida. O ex-companheiro acabou preso. "Ele não me deixava dançar, nem conversar com ninguém. Era estúpido, falava palavrão, chegou a me empurrar no portão, me chutar. Aconteceu muita coisa", conta.
Na época, Neuraci contou com a assistência do Centro Especializado de Atendimento à Mulher, à Criança e ao Adolescente em situação de violência (Ceamca), o que incluiu acompanhamento psicológico. Ela ainda passou por um tratamento contra o câncer de mama. Atualmente, Neuraci vive a vida da forma que a faz feliz. "Aos fins de semana vou dançar, faço academia, acabei de reformar minha casa. Saio a hora que quero, chego a hora quero. Nunca mais tive tristeza, angústia ou solidão". Além disso, ela conquistou o diploma do curso de filosofia. Dona Neuraci aconselha outras mulheres vítimas de violência doméstica a "darem um basta". As palavras de encorajamento são a forma encontrada para tentar ajudar quem ainda precisa ser apoiada. "Não precisamos de homem para nada. Conseguimos tudo que a gente coloca na nossa cabeça. Precisamos ter coragem, determinação. Dar valor a nós mesmas", finaliza a aposentada.
