Natureza precisa ser aliada e não ameaça às crianças
Iniciativas procuram proteger os menores da crise climática
Uma atividade ao ar livre, em contato direto com a natureza, costuma gerar boas lembranças na infância. Mas e quando a experiência da criança com o meio-ambiente envolve um desastre ou desequilíbrio ambiental? Para a especialista em educação e natureza do Instituto Alana Paula Mendonça, é preciso olhar com mais atenção para a relação dos mais jovens com a emergência climática.
"Precisamos construir escolas e comunidades sustentáveis, saudáveis e resilientes, nas quais as crianças possam ver a natureza como aliada e não como uma ameaça. A vivência de um evento climático pode causar um trauma na criança. E ela depois ter medo da chuva ou do calor, por exemplo", analisa Paula.
A especialista participou, por videoconferência, de uma coletiva de imprensa durante visita guiada à Ilha do Combu, em Belém. E aprofundou reflexões presentes na pesquisa do Instituto Alana sobre resiliência climática nas escolas das capitais brasileiras.
Ela lembrou que 37,4% escolas de educação infantil e ensino fundamental do país não têm áreas verdes, 11,3% ficam em favelas e 6,7% estão em áreas de risco de desastres naturais.
"A gente vem trabalhando para defender o direito de toda criança viver em um meio ambiente saudável, como garante o artigo 225 da Constituição Federal. Para que as crianças possam fortalecer o vínculo com a natureza", analisa Paula.
"Precisamos de ações que visem à adaptação e o enfrentamento das mudanças climáticas. É olhar para a restauração da biodiversidade, a redução da poluição, estratégias de educação que fomentem acesso à natureza e desenvolvimento de habilidades e competências que preparem melhor os estudantes para enfrentar a crise climática", complementa.
Durante a quarta edição do TEDx Amazônia, em Belém, o Instituto CCR, ligado à empresa de infraestrutura e mobilidade Motiva, também anunciou o programa Escolas Baseadas na Natureza, em parceria com o Instituto Alana. A proposta é oferecer formação continuada e materiais didáticos para alunos, professores e gestores do ensino fundamental de escolas municipais de todo o país. Tudo de forma gratuita.
A formação tem 40 horas e ocorre de forma virtual, aberta a qualquer educador. Por meio dela, os educadores poderão pensar em soluções baseadas na natureza no ambiente escolar, além de elaborar projetos práticos para aplicar nas instituições de ensino.